domingo, 27 de março de 2011

Gala Poesia Solidária - A Voz Poética da Mulher

A gala realizada ontem 26 de Março de 2011 no hotel trópico pelo movimento Lev´Arte sob o tema Poesia Solidária "A voz poética da mulher" foi sem sombras de dúvidas um estrondoso sucesso, correspondeu as espectactivas criadas e até ultrapassou-as.

Com a casa cheia por aproximadamente 200 pessoas o evento começou as 19 horas e terminou as 21h e 30min, contou com a presença em palco de muitas vozes femininas como as poetisas Otilha da Lua, Denise Kangandala, Helena Dias, Zuline Bumba, Sofia Buco, Ngonguita Diogo, Helena Antonina,o Grupo infanto juvenil "As Ladissas", Kátia Santos, bem como as estreantes no mundo da declamação dentre elas a reporter do Flash Cláudia Gourgel, a Romancista Rossana da Piedade e a atriz e radialista Tânia Burity que diga-se de passagem tiveram um óptimo desempenho em palco.

A música ficou a cargo das belissímas e encantadoras Sweet Mary, Selda, Celina, Dinay Tiger e Cláudia Pedro estas que em seus estilos versáteis levaram  a plateia ao rubro em  cada nota solta. A   apresentação ficou por conta da dupla Kiocamba e Helena Antonina que com a sua alegria e profissionalismo conduziram a actividade Até o final na maior precisão.

quarta-feira, 23 de março de 2011

O Carnaval em Angola

Ah! O carnaval!... como é bom viajar em minhas memórias e reviver a minha infância: as bodas de carnaval no bairro da avó, os quimones e as saias de pano provenientes do Congo, os rapazes mascarados de senhoras com vestidos e perucas, as pinturas exageradas, as roupas rasgadas e outras fantasias improvisadas; surpreendente, ainda, era o entusiasmo que nos caracterizava enquanto fazíamos os colares de missangas, de rebuçados ou pipocas, para desfilarmos pelas ruas ao ritmo dançante das diferentes coreografias por nós desenhadas e arquitectadas. E todo este festejo de rua culminava na emoção de assistir pela televisão os desfiles dos grupos carnavalescos na marginal movidos pela curiosidade de tentar imitar o cabetula ou a varina, mesmo sem grande êxito; No desatar da alegria, o carnaval era uma festa do povo onde a folia era sentida por todo lado: nos brilhos, nas gargalhadas por detrás das máscaras e nas lantejoulas que conferiam um brilho fascinante ao carnaval daquela época…

Mas com o passar dos anos, a imperiosa mão do tempo, começou a pesar em mim e para trás ficou a minha infância; ficou também a folia, ou seja, de carnaval em carnaval, eu comecei a sentir menos a magia das cores e da música, gerada por esta festa do povo; perante esta realidade questionei-me: o que terá sucedido? e quase imediatamente e, a priori, pensei: “bom se calhar eu apenas cresci e me desinteressei, por isso, deixei de prestar a atenção”; mas pouco convencida servi-me das faculdades da observação e da análise: “eu cresci! Mas continuam a existir crianças! Então, porquê que já não vejo as crianças todas mascaradas e felizes como antes? E os adultos?! Porquê que os vejo indiferentes a este facto! O que se passa afinal? E neste meu pequeno diálogo interno consegui ao menos chegar a uma triste conclusão : “em muitas mentes a ideia de festejar o nosso carnaval está a morrer, arrastando a passos largos a nossa cultura para o cemitério do esquecimento; mas sabem mesmo o que mais me chocou? Foi, e digo com a frontalidade de quem sabe assumir os seu erros, perceber que eu fazia parte desta escumalha; reconheci-me igual a tantos outros que com a excepção das badaladas festas de carnaval nas discotecas da moda, nos grande salões e das fantasias fashion das boutiques, estão-se literalmente nas tintas para a cultura do carnaval; no fundo para o nosso povo e para as nossas crianças.


Perante este meu acto de contrição, e esta desilusão para com a minha conduta pensei com alívio que a esperança é a última a morrer! E de esta minha reflexão pessoal surgiu este artigo que tem a intenção de tentar resgatar em algumas mentes angolanas o interesse digno de uma cultura que nos pertence. 


Imaginem só! O que seria do carnaval se aquelas pessoas que lutam para mantê-lo vivo desistissem de lutar? Imaginem!!! O que seria se já não houvessem desfiles na marginal, nem pessoas nas ruas mascaradas?… talvez não houvesse grandes mudanças na nossa vida diária, mas o que seria da nossa cultura? Será que um povo sobrevive sem cultura? Sem aquelas características que o identificam? Acredito que até se pode sobreviver mas seria como se vivesse só por viver! Desprovidos de uma origem, de um passado, de uma identidade…e na minha humilde opinião, a cultura de um povo é a sua alma, o seu suporte, logo, deve ser preservada e respeitada; assim, não poderia deixar este meu artigo sem algumas soluções benéficas para o carnaval; vamos todos dança-lo sem quijila; vamos passar o testemunho aos nossos filhos e aos nossos irmãos; vamos aplaudir e lisonjear os grupos carnavalescos; vamos criar iniciativas diversas para salvaguardar a nossa tradição, pois é por ela que sabemos quem somos e de onde viemos… mas mais importante, para onde queremos ir! Como tal, que não haja uma leve hesitação no desejo de enaltecer o nosso orgulho de sermos angolanos, gritemos todos bem alto, VIVA A CULTURA, VIVA O CARNAVAL, VIVA ANGOLA…. Obrigada!

LEV’ ARTE
MIRA CLOCK
Fevereiro De 2010

Perfil de Mira Clock

Mira Clock, pseudónimo literário de Ana Zulmira da Silva  Ramalheira, jovem poetisa integrante do Movimento Lev´Arte. Linda e talentosa, detentora de uma capacidade nata de descrição que resulta em poemas profundos, capazes de envolver a mais rude alma. 
Tem poemas publicados em antologias como 7 Pecados e o Palavras, do Movimento Lev´Arte. Brevemente, teremos também Mira Clock assinando o seu próprio livro.


Lueji Dharma: "A Mira Clock é uma "levartiana" que assume o voluntariado e a entrega ao próximo como uma forma de vida. Uma mulher de olhar doce e angelical que busca na arte a expansão da sua alma. Dessa forma, exprime-se livremente em textos onde as suas dúvidas e inquietações transformam-se em reflexões dárias escritas em jeito de crónicas".



Por: Mauro Yange