Nunca fui muito boa a pregar sermões nem sou o melhor exemplo
de moralista que conheço. Porém, existem coisas que infelizmente acontecem a
minha volta e sou incapaz de simplesmente olhar e calar.
Talvez ninguém partilhe da minha opinião, talvez seja a única
com coragem e fúria suficiente para falar ou talvez até, esteja errada, mas
tenho estado a observar os recentes fenómenos sociais e as constantes e
assustadoras mudanças nos comportamentos das pessoas, em todo o mundo e
sobretudo em Angola ou mais concretamente em Luanda.
Não sei o que foi que nos aconteceu para nos tornarmos tão
carentes de atenção e sedentos de glória. Até nas coisas mais insignificantes e
superficiais, queremos ser de alguma forma superiores e importantes. Já nem
sabemos quem somos, o que é apropriado ou não, o que deve ou não deve ser, o
que é comum ou invulgar, o que é normal ou anormal. Se ainda não estamos a
viver um verdadeiro caos, acredito que estamos bem perto de fazê-lo. E o pico
de toda essa explosão de hipocrisia e mesquinhice é infelizmente uma ferramenta
aparentemente criada para “aproximar os distantes” mas que acabou por “afastar
os mais próximos”, aquilo que nós chamamos de redes sociais.
Não sou uma convencional louca que defende o fim da
globalização ou da internet mas apelo que aprendamos a fazer um melhor uso das
mesmas. Pois para além das desvantagens que todos conhecemos e que se têm
estado a evidenciar, também existem as vantagens que são muitas e vão mais além
do que as nossas mentes humanas podem imaginar.
Todos os dias quando entro para alguma rede social, fico
pasmada com tamanha baixaria e pobreza de personalidade e de alma esbanjadas em
publicações e comentários baseados em mentiras, ilusões, falta de identidade,
falta de opinião e uma gana irracional de superioridade. O que se passou
connosco afinal? Porquê que resolvemos ser todos especiais? Ou melhor porquê
que resolvemos condicionar o facto de sermos especiais ou não ao número de
gostos ou de comentários, feitos as nossas fotos ou estados?
Será que, finalmente, deixamos de valer pelo que somos e
passamos a valer ou “não valer” pelo que temos? Não posso crer! Será que já não
é possível voltamos a ser o povo simples e autêntico que um dia fomos? Será que
é assim tão difícil, aceitarmos quem somos? E nos impormos a certos padrões
ridículos, criados por pessoas ridículas que infelizmente nos ridicularizam,
tornando-nos cegos e incapazes de ceder a esses ciclos estúpidos de exclusão?
Quanto mais penso e observo o que se passa, sinto náuseas e
vergonha por fazer parte desta realidade triste. E sendo assim, não me isento
de culpa e igualmente me envergonha o facto de algumas vezes me ter sentido
inferior, por outras ter sido hipócrita e ter traído os meus ideais,
concordando com coisas ditas por fulanos e sicranos apenas por se tratar de
tais fulanos e sicranos. Ou ainda, as vezes em que deixei que o meu ego
inflamasse, com comentários ilusórios e por vezes, irónicos que me fizeram
sentir superior ou melhor, por vagos instantes…
Enfim, acredito que um dia nos iremos aperceber que existem
coisas muito mais importantes do que nos sentirmos importantes e talvez nesse
dia aprendamos a ser felizes por nós próprios, sem depender da opinião ou
atenção dos outros.
Talvez tudo isso não passe de uma utopia, talvez o meu desejo
não de igualdade mas sim de equilíbrio mental e emocional não passe de um
pensamento louco e descartável de uma mera mortal, de um ser comum, sem
expressão ou capacidade de influência. Contudo, prefiro continuar a sonhar ao
continuar a fazer parte de tal realidade promíscua.
Obs: Não precisam
concordar comigo, simplesmente por ter sido eu a escrever, sem mesmo terem lido
ou entendido o que escrevi. Se for esse o caso não precisam “gostar” do meu
texto e se por ventura a carapuça servir a alguns, desculpem-me e não entendam
a minha reflexão e tentativa de chamar-vos a razão como um julgamento ou uma
crítica destrutiva. Longe de mim!
Mira Clock
Aos 27 de Março de
2013
Mira Clock,
ResponderEliminarNinguém que use a inteligência, não se vai sentir "obrigado" a gostar só porque quem escreveu, foi quem foi, mas de uma coisa tenho a certeza, a "carapuça" serviu a muita gente que tenha lido, e não será por isso que tenha que "pedir desculpas".
Agradeço e dou-lhe o meu Bem Haja por esta "Reflexão".
Bjs
Obrigada querida amiga Fátima! E espero poder contar sempre com a tua opinião sincera e directa! Beijinhos!
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