Hoje parei para pensar numa das muitas expressões trazidas pelo frenezim das cidades do Séc. XXI, um termo muito usado pelos psicólogos, analistas, terapeutas, simples mortais e preguiçosos. Falo de um fenómeno muitas vezes usado para fundamentar a falta de organização e necessidade de atenção dos seres humanos, adultos sobretudo. Falo do tão mencionado stress. Aquela resposta mental e as vezes física do nosso corpo a certo estímulo nervoso causado por qualquer desajustamento na nossa vida profissional ou pessoal.
Após um dia estafante em que nada parecia correr bem ou fazer sentido, refugiei-me na velha desculpa das últimas décadas, talvez esteja stressada e precise de uns dias para descansar. Contudo, o meu ser inquieto e curioso fez-me questionar e indagar sobre quais seriam os motivos desse tal stress. Ou seja, perguntei a mim mesma: O que é que efecivamente me causa stress?
Acordar cedo? Ter muito trabalho para fazer? Pensar? Perder horas do dia no trânsito? lidar com os funcionários dos serviços públicos? Ir ao Banco e ouvir aquela deixa desconcertante que nos tira do sério sobre não haver sistema? Viver os meus problemas e os dos outros? Ser mulher? Aturar as minhas amigas? Lutar contra a força da gravidade?
Enfim, a minha natureza humana egoísta e dramática apontava para vários motivos, fazendo-me sentir pena de mim. Sou tão sofrida! Porquê que não tenho uma vida diferente? Porquê que é tudo tão difícil para mim?
Nem acredito que era eu a pensar em tamanha tontisse! Quer dizer, que raio de Drama Queen apoderou-se de mim naquele momento? Ora essa!
Será que o meu único problema e o de muitas outras pessoas que ousam queixar-se das mesmas mesquinhisses não é uma coisinha chamada gestão do tempo? Será que não existem milhares de formas bem viáveis até de aliviarmos o stress gerindo melhor o nosso dia-a-dia?
Bom, não sei se vai resultar mas decidi criar dois critérios que talvez sejam úteis e eficazes nessa minha e vossa luta contra o stress. Estabeleci uma ordem de prioridades para tudo o que faço com base no critério da felicidade, isto é, tudo o que não contribui minimamente para a minha felicidade é posto de lado e com base no critério da Bufunfa, isto é, tudo o que não me ajuda a ter dinheiro no bolso e a pagar as contas é igualmente posto de lado. E vocês nem imaginam a quantidade de coisas que eu fazia fora destes dois critérios. Eu passava as semanas sobrecarregada por causa das horas que dedicava a coisas sem importância que não me davam dinheiro nem felicidade. Outra medida que tomei foi testar o poder da minha mente e o meu auto-controlo e paciência.
Por exemplo, acordar mais cedo ou perder tempo no trânsito? O que é que me causa mais stress? Sem pestanejar prefiro acordar cedo. Chatear-me com as funcionárias dos serviços públicos ou ignorar a sua estupidez humana algumas vezes natural e outras vezes adquirida? Ignorar parece-me bem. Adiantar o meu trabalho sempre que possível para nunca me sentir sobrecarregada e desfrutar do prazer de estar sempre um passo a frente dos outros colegas? Estar um passo a frente soa bem. Enfim... Existem várias coisas que podemos ser nós mesmos a decidir e que nos fazem um bem incalculável. Porque não decidir a nosso favor?
Para mal dos nossos pecados faz parte da natureza humana apontar culpados e quando não há outra pessoa para culpar, culpamos a nós mesmos e fazemos com que os outros se sintam mal por nos estarmos a culpar. É difícil para o ser humano não seguir o seu instinto egoísta mas não é de certeza impossível. Temos a maravilhosa capacidade de adaptação, ultrapassamos limites desde sempre.
Faz parte de nós vencer barreiras, criar excepções. Nós próprios somos uma grande excepção da natureza. Porque será que nos agarramos a justificações tão minúsculas? Qual stress qual quê? Somos muito melhor do que isso! Ao menos que se pense num mostro maior...