sábado, 13 de outubro de 2012

"Cartas a Um Ex Amor"


Na noite passada quando cheguei a casa, após ter terminado o expediente na redacção, ouvi a Paula aos prantos!
Podes imaginar o quão surpresa fiquei a princípio, perguntando-me se não estaria a ter alucinações, ou se talvez, ela estivesse a tentar pregar-me alguma partida. O que não seria de espantar, pois bem sabes, que ideias loucas, ela tem de sobra.

Mas após me ter aproximado da sala de estar, onde ela se encontrava sentada no sofá, de pernas flectidas e as mãos agarradas aos joelhos apercebi-me que era a sério, o que me levou a perguntar imediatamente o que se passava e a oferecer a minha solidariedade.

Nunca a tinha visto naquele estado, a chorar como uma criança que se se perdeu. “Faz-me lembrar de mim mesma, há algum tempo atrás, quando perdi o meu amor e nunca mais me encontrei”. Pensei dentro mim.
Enquanto Paula se preparava para me contar o motivo da sua angústia.

E começou desculpando-se dizendo que não me queria assustar. Porém não aguentava mais segurar as lágrimas e quando deu por si já não conseguia parar, nem levantar-se do sofá, como se aquele pequeno canto da sala fosse o lugar mais seguro do planeta.

Notei aflição em sua voz, como que se estivesse desesperada por me fazer entender o quanto estava transtornada. E nesse instante peguei as suas mãos trémulas e agarrei-as com firmeza, lembrando-a de que podia contar comigo.
Passadas duas horas, já não me lembrava daquela mulher activa e despreocupada que conheci a 8 meses trás no Jornal e que ao fim de 5 semanas de convívio ofereceu-me o seu teto e a sua amizade sem qualquer exitação.
Durante todo o seu discurso, fiquei calada, ouvi-a do princípio ao fim sem conseguir balbuciar uma única palavra, alternando momentos de petrificação e revolta com instantes de consternação e clemência.

Destruí a minha vida por um falso amor e por causa deste perdi outro muito maior!
Tudo aconteceu quando descobri que estava grávida do Igor, a dor, o vazio, o desespero, a sucessão de erros imperdoáveis, o fim!

Eu tinha 26 anos quando o conheci, numa reportagem que fui fazer ao tribunal provincial de Luanda, ele era um dos procuradores adjuntos de um caso polêmico sobre um político, que estava a baila naquela altura, sobre o qual não vale a pena falar agora.

Não foi amor a primeira vista, mas após alguns encontros casuais e outros combinados, já não podia imaginar a minha vida sem ele. Ele era um senhor conseituado de 42 anos e eu uma simples rapariga do interior do país que havia chegado a cidade há poucos meses atrás e que ainda se sentia pedida e confusa, tentando integrar-se sem muito sucesso nos grupos de trabalho já montados no jornal.

Não tinha mais ninguém, estava completamente sozinha quando o conheci, toda a minha família havia ficado em Cabinda, os meus pais e os meus dois irmãos mais velhos fizeram tudo o que puderam para me mandarem a Luanda, depositaram todas as suas esperanças em mim e nos meus sonhos. E eu os decepcionei!

Amei o Miguel Augusto com todas as minhas forças e agarrei-me a ele como se fosse a única coisa que me permitisse respirar. Era o meu porto seguro, nada nem ninguém me fazia mais feliz.
Depois que começamos a andar, mudei completamente, o meu visual, a minha atitude, o meu olhar, sentia-me cada vez mais confiante e isso ajudou-me muito no jornal, rapidamente tornei-me efectiva e fui promovida.

Ele dava-me vida! Fazia tudo com paixão se pensasse nele. Quando me sentisse cansada ele dizia-me tudo o que precisava ouvir para continuar. Pese embora não fosse tão encantador ou atraente, era meu, dava-me essa certeza!
Quando fiz 27 anos ofereceu-me este apartamento e achei que fosse um indício de que queria casar comigo, mas logo percebi que queria apenas privacidade. Um lugar para estar comigo sempre que lhe apetecesse e sem ter que se explicar a ninguém.

Devia ter desconfiado a partir daquele momento, eu sei, tal como quando que começou a passar menos noites do meu lado e a rejeitar-se a sair para jantar ou a receber telefonemas a hora do almoço. Mas ele era tão bom com as palavras e eu estava tão enfeitiçada que por mais que tudo aquilo parecesse estranho limitava-me a entender e a amá-lo cada vez mais.

Até que um dia, depois de ter passado horas a pensar no que iria fazer, chamei-o para conversar e contei que estava grávida!

Ele manteve a calma e disse que ia tudo ficar bem! Iludi-me ao pensar que finalmente celaríamos o nosso compromisso e formaríamos uma família…
Mas ele continuou, dizendo que não podíamos ter um filho, nem naquela altura, nem nunca e que eu já devia ter calculado que um homem na idade dele e com o estatuto que tinha não podia ser solteiro ou amar uma rapariga como eu.

Havia um certo teor de verdade e frieza em suas palavras o que fez com que me sentisse um nada de mulher! Como é que pude ser tão estúpida e ingénua?

Depois de o ter ouvido dizer uma sucessão de disparates acompanhados de crueldade e covardia, pedi-o que saísse e que nunca mais me procurasse. E ele cumpriu, sem nunca ter olhado para trás!

Após aquele episódio os meus dias foram um verdadeiro inferno e nunca mais voltei a ser aquela rapariga! Odiei o meu próprio filho, durante os nove meses que o carreguei no ventre, não fui a nenhuma consulta, não escolhi um nome, nem comprei roupinhas de bebé, tão pouco quis saber o sexo e confesso que tentei desfazer-me dele numa clínica de abortos mas por algum motivo não fui capaz, nunca quis ter essa lembrança mas quem me dera que o tivesse feito…

Saía de casa apenas para ir ao Jornal e escondi a barriga até quando pude, depois solicitei a licença de maternidade e mais ninguém soube de mim.
Achavam que tinha ido a Cabinda buscar apoio dos meus pais mas também nunca tentaram saber como eu estava, afinal de contas não tinha feito verdadeiros amigos naquele lugar que era apenas o meu local de trabalho.

Entretanto ao contrário do que eles pensavam, os meus pobres pais não sabiam de nada, não consegui dizer a verdade a ninguém, até que um dos meus irmãos, preocupado com a minha ausência veio visitar-me sem avisar e descobriu o que se passava.

Simplesmente não consegui, não encontrei as palavras certas para contar a eles que havia destruído tudo o que tinham idealizado para mim e que estava grávida de um homem casado que não queria saber de mim nem do meu filho ou que corria o risco de perder o meu cargo no Jornal. Expliquei-me. Implorando o seu silêncio.

Guardou segredo durante algum tempo, pois, também não sabia como informar os senhores nossos pais protectores e excessivamente conservadores a verdade.

Contudo, foi obrigado a fazé-lo. Quando decorridos 3 meses do nascimento do seu afilhado ao qual atribuiu o nome de Igor, veio visitar-nos e soube o quanto estava desequilibrada, notavelmente doente, deprimida, rodeada de bebida por todos os lados, magra e pálida como uma nuvem.
A casa estava uma desgraça, empoeirada, com visíveis teias de aranhas nos cantos das paredes e com um cheiro a abafado que tresandava, como se não tivesse sido aberta a meses.

O bebé estava tão desidratado e desnutrido que o meu irmão Massochi apressou-se em levar-nos ao hospital e depois de ter ouvido o triste diagnóstico informou-me que iria contar tudo a nossa família de uma vez por todas. Ligou para os meus pais e convocou uma reunião, fazendo com que todos se deslocassem até Luanda no dia segunte.
Ainda me lembro do rosto abatido do meu pai e da expressão carregada de ódio da minha mãe quando souberam que eu estava infectava pelo vírus da Sida, uma doença incurável e repugnante que por causa da minha negligência foi transmitida ao meu filho.

Passados alguns dias decidiram que me iriam tirar a criança e levar a Cabinda alegando que eu não tinha quaisquer condições para criá-lo.
Senti raiva e nojo de mim, todos os dias, desde o instante em que ouvi aquelas malditas palaras do médico até este preciso momento e assim me sentirei enquanto existir!

Só descobri que o amava depois de o terem arrancado dos meus braços. Tentei lutar por ele e exigi que mo devolvessem. Mas não tinha forças suficientes e perdi! Depois de alguns ataques de nervos e discussões acesas com a minha família, não houve outra solução para os meus pais senão intentarem uma acção de inibição de autoridade paternal contra mim no Tribunal de família e tendo em conta o estado em que me encontrava não lhes foi difícil vencer.

Já se passaram 5 anos e nunca mais o tive em meus braços desde aquela data.
O meu irmão continua a ajudar-me mandando-me fotografias e ligando sempre que pode para me contar novidades sobre o meu menino. Hoje soube que ele ganhou um troféu num concurso de soletrar no Jardim-de-infância. Fiquei muito orgulhosa mas depois seguiu-se o latejar de uma dor que saiu do meu peito e se propagou pelo corpo todo e não consegui parar de chorar! Quer dizer, que tipo de mãe sou eu? “

Ainda estou atormentada com tudo o que ouvi, agora consigo perceber tudo muito melhor. Como por exemplo o porquê que a Paula me acolheu quando entrei para o Jornal. Pois, tal como ela eu era uma rapariga provinciana praticamente sozinha na cidade e que provavelmente passaria pelas mesmas vicissitudes que ela naquela altura. E o porquê dos seus sumissos e telefonemas tardios.
Coitada!
Nem posso imaginar o peso da culpa que suporta nos ombros e o tamanho da dor que carrega no peito. Meu Deus! E eu que pensei que dor foi o que senti quando te perdi!
A minha mãe tem razão! Quando pensamos que sofremos, existe sempre alguém que esteja a passar por pior!

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

A vida é como um leve sopro que se esvai ao vento. 
É instável como areia fina que nos escapa entre os dedos e ao mesmo tempo é simples e bela como uma flor do campo... 
Por isso, cada minuto que passamos ao lado das pessoas que gostamos devem ser aproveitados ao máximo e vividos loucamente para que um dia restem boas lembranças no lugar da dor da sua ausência...

Hoje acenaste para os teus e partiste
Partiste para um sono profundo
De olhos vendados
Deixaste a dor e o vazio no seio dos que te amam

Pás de areia afundaram-te em terra
e como uma sementezinha pronta a brotar
lágrimas te vão regar

Até que um dia desabroches em nossas memórias
Apenas como uma lembrança
Uma linda lembrança

Pois a tua alma já se foi
Partiu para uma viagem eterna
A ti foi atribuída uma lembrança missão celestial
Tornaste-te um Anjo

Jorge o "Anjo das flores"
Teu espírito jovem viverá sempre entre nós
Soprando ventos de prosperidade e Bonança
Trazendo conforto aos nossos corações

Porém não agora
Não no nosso tempo
E sim no tempo do mundo em que vives agora

Secarás as nossas lágrimas
Estarás em cada sorriso
Serás o equilíbrio que vigorará em cada aflição
Serás o bem que confrontará o mal

Por agora só nos resta dizer
Adeus!

Adeus Jorge!
Que a tua alma descanse em paz!
Amém!

"Em memória de todos aqueles que deste mundo já se foram em especial ao amigo Jorge V. Cruz, que a terra lhe seja leve!
Com carinho e consternação."

sábado, 29 de setembro de 2012

Eu!

Eu sou tudo e nada
Preta, branca, incolor
Eu sou maior!

Eu sou a poesia!

“De dentro para fora de mim”


Hoje resolvi ser eu! Apenas eu! Sem adicionantes ou extras. Resolvi despir-me de todas as máscaras e defesas que criei ao longo dos anos. Hoje falarei de mim sem medo de parecer vulnerável, sem vergonha ou receio de ser julgada, contarei a minha história real, na sua íntegra, sem ficções, finais felizes ou licções de superação.

Direi o que sinto sem me contradizer para parecer forte, não sei que raio me atingiu, mas acordei com vontade de atirar pela garganta a fora tudo o que me atormenta.
Não aguento mais carregar nos ombros a imagem sorridente de rapariga firme e exemplar que pintei para mostrar ao mundo, enquanto por dentro estou podre, triste e magoada. Cheguei ao meu limite!

Não consigo mais engolir o choro, menti para mim mesma tantas vezes que era feliz e segura que mesmo quando me apetece não consigo demonstrar consternação, não consigo chorar a frente de outras pessoas, nem mesmo da minha própria mãe...

Já cheguei a pensar que estava seca por dentro, que não mais tinha lágrimas para chorar, que nenhuma dor era capaz de me abalar, mas estava enganada, redondamente enganada, pois descobri da pior maneira que sou fraca e insegura e quando a dor chegou, não só abalou com acabou comigo, levou todos os sorrisos, desfez o meu orgulho em pequenos pedaços e só restou um ser sem brilho ou vontade de viver, uma mulher sem amor, um coração gelado, uma alma vazia.

Sim! Essa sou “eu” agora! A sem rumo, que anda aos trambolhões, louca e sem vaidade, muda e com saudades, vagueiando pelos escombros da ilusão, apavorada com a solidão.
Eu, simplesmente eu.

terça-feira, 19 de junho de 2012

"Cartas a um ex amor"

Olá Tiago! Ou devo dizer senhor Dr. Tiago Victor Monteiro de Carvalho, Director para área de recursos humanos das empresas “Victor e filhos”? Pois é as notícias voam por essas bandas, sei que já és oficialmente noivo e o casamento será realizado dentro de dias na Paróquia de São José, não faço questão de saber dos detalhes mas o mundo inteiro empenha-se para me contar, para onde quer que eu vá as conversas encontram-me, no cabeleireiro, no mercado, no cinema, na praia, enfim, assunto dos últimos dias é o vosso casamento.

E a propósito disso, Sabes que tenho tentado manter-me indiferente a esse acontecimento não é? Tu me conheces, sabes que sou assim, teimosa, briguenta, não vou admitir para ninguém, nem mesmo para a Ângela que estou a passar pelos dias mais negros da minha vida, mas a verdade é que estou um trapo por dentro, custa-me admitir mas ainda te amo do mesmo jeito, nem um grau a menos, continuo a torcer para que esse pesadelo termine e que volte tudo a ser como era antes. Bato a cabeça, grito, te evito, dou gargalhadas, bato os pés, e não adianta, não te consigo esquecer, ainda desejo que sejas tu quando o meu telefone toca mesmo sabendo da quase impossibilidade de concretização dessa vontade.
Sei que prometi nunca mais escrever sobre isso e espero ser a última vez, já chega, estou a enlouquecer em silêncio, fiz tudo errado, devia ter admitido que estava desfeita, deixar que todos tivesses pena de mim e me tentassem consolar, devia ter insistido, implorado, talvez assim a essa altura do campeonato já tudo tivesse passado.
Agora não faz sentido algum desatar a chorar ou cometer loucuras em teu nome, tu te vais casar nos próximos dias, e depois de tanto ter renunciado a minha dor, nem ela me quer confortar, estou sozinha, por minha conta e o pior é que tenho de continuar a sorrir, mesmo com o meu coração dilacerado e a minha mente enfurecida, conclusão, “estou feita ao bife”!
                                                
                                                                  ***


segunda-feira, 21 de maio de 2012

Depois de uma longa jornada vi o meu sonho finalmente concretizado! Obrigada a todos que me estenderam a mão nesse caminho... Obrigada mesmo!

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Lançamento do Desabrochar

O lançamento do meu primogénito "Desabrochar" foi um sucesso! Melhor do que a minha modesta imaginação previa, estavam lá todos, a família, os amigos, os leitores, todos, todos... Correu tudo bem e a todos só me resta agradecer! Beijos com carinho!
Mira Clock

"Teu Olhar"



    Em teus olhos castanhos cor de mel perdi-me! Não sei a que propósito os nossos olhares se cruzaram mas sei o que senti depois que te perdi de vista. Para mim é tão intrigante saber que mistério habita o fundo do teu olhar que não paro de pensar nele. Não é amor o que sinto, nem sei se é paixão ou atracção, mas sei que é forte e faz-me sonhar!
Quem és tu? Oh dono de tal olhar neutralizante e ao mesmo tempo doce e meigo que não consigo ler?  Será que reparaste no meu? Será que sabes o quão desejoso estão os meus olhos por entregarem-se aos teus? Será que sentes que espero por ti e pela correspondência dos olhos teus?
Olha para mim! Para os meus olhos? Olha bem! Que neles guardo todos os beijos que te anseio dar, só tens de dizer sim com o teu olhar e esperar, esperar para ver o mundo brilhar em teu redor, esperar pelo tempo e o pelo seu passar…


domingo, 22 de abril de 2012

"Lógica e Amor"


“Lógica  e Amor”



      Hoje decidi dar ouvidos ao meu coração, quando, depois de ter pousado os meus olhos sob a tua imagem senti um aperto tão grande e tão forte que me fez parar de pensar e descobri que ainda te amo.         Louca de tanta raiva e desespero quase o arranquei do meu peito. Quer dizer como é que pode o grandessíssimo idiota ainda bater descompassadamente por ti? Depois de tudo o que passamos? Mesmo desfeito em pedaços insiste em chamar o teu nome, grande estúpido!

Até parece que já se esqueceu da forma cruel e desumana que nos abandonaste, não estou para as burrices dele, sou uma mulher forte e prática não me permito estar aqui a chorar de novo! Preciso dar a volta por cima o quanto antes senão o amanteigado do meu órgão cardíaco ainda me vai enlouquecer.

Sabes, os dias passaram e no conforto da tua ausência física tive a ilusão de já te ter esquecido, foi tão boa a sensação! E desculpa a minha insistência mas nunca é demais relembrar os momentos bons que vivi enquanto contava mentiras ao meu coração sobre já não te amar, eu sabia que não seria eterno mas o fogo do momento queimou-me deliciosamente até a altura em que pousei o meu olhar sobre ti outra vez.  Tento encontrar uma razão para explicar esse absurdo mas é inútil, não a consigo alcançar. Será que não existe lógica ou razão que me impeçam de ainda te amar? O que é a lógica afinal? 

Qual é a lógica do amor?...


sexta-feira, 20 de abril de 2012

Mais um pequeno trecho do "Cartas a um ex amor", a pedido dos meus amados leitores, espero que gostem, beijos!

...

Pensei no Mário enquanto tomava banho no embalo de uma balada romântica que tocava na “Rádio Morena”. Depois de me ter limpado, vestido e penteado, sem planos para o resto do dia, deitei-me em minha cama de barriga para baixo com as pernas flectidas balançando de trás para frente e liguei o computador para ver se encontrava alguém online que como eu não tivesse mais o que fazer, para comigo conversar.

Porém, para oportunamente espantar o meu tédio, o bendito som do meu telemóvel tocou outra vez e dessa vez era ele.

Depressa ajeitei o meu cabelo instintivamente para atender como se ele me pudesse ver, e do outro lado da linha ouvi a sua voz rouca e doce perguntando-me com um tom de ansiedade se eu estava em casa e depois de eu ter respondido num ápice que sim ele disse-me que estava a porta, senti um frio na barriga e um tremor nas pernas, não sentia isso desde que nos separamos, e quando o vi descer do carro e aproximar-se do portão senti um arrepio subir-me pela espinha mas quando finalmente os nossos olhares se encontraram, encontrei a calma no brilho quente dos seus olhos escuros e tudo era simplesmente lindo ao meu redor.

E lá estava ele, o meu novo amigo entre aspas gigantes pois definitivamente pertencer ao seu leque de amizades não era apenas o que eu desejava. Aproximei-me então, e cumprimentamo-nos com um abraço e beijos no rosto. Entre esse momento e o resto do nosso encontro eu esforcei-me para parecer distante e desinteressada quando na verdade estava envolta em cada palavra emitida por sua voz, por cada gesto solto por suas mãos, falamos sobre diversos assuntos e por alguma razão fomos parar ao assunto Tiago, sim falamos sobre ti, e ele chamou-te de idiota covarde várias vezes enquanto os meus olhos humedeciam-se lembrando-se do fim da nossa história. O Mário foi tão querido, levantou a minha cabeça e convenceu-me de que tu não me merecias e que um dia o amor me vai encontrar, confesso que tive vontade de beijá-lo, sentia-me protegida e segura, como se nada de mal me pudesse atingir naquele momento, mas apesar de eu já ouvir sinos tocarem e de estarmos a distância de um palmo dos nossos narizes ele desviou-se cuidadosamente e disse algo engraçado para quebrar o clima que eu sentia sozinha. Senti-me ridícula por alguns instantes apenas pois ele tratou de me deixar a vontade na minha fantasia.

Quando nos despedimos, depois de longas horas de conversa, risos e olhares tímidos, ele pediu a minha atenção porque precisava dizer algo, concentrei-me preparando-me para o que viria a seguir aquela declaração pois da última vez que ouvi algo parecido, vi a minha vida esvair-se entre os meus dedos.

“- És uma mulher incrível, desde o primeiro momento que pousei o meu olhar sob o manjar da tua imagem soube que eras a tal, única e autêntica, não vi apenas uma mulher simples e estrondosamente bonita, vi uma alma pura e brilhante, tu tens uma luz sabes, senti-me logo atraído por ti, não resisti eu tinha de te conhecer, tinha de poder conviver contigo, fazer parte da tua vida ainda que como figurante, percebes.



Dizia ele como o olhar fixo, quase sem pestanejar enquanto eu de cabeça baixa não conseguia parar de pensar no que ouviria depois daquela bela introdução.



-Mas na vida, infelizmente, as coisas nunca são tão lineares como gostaríamos que fosse, e nós nunca nos apaixonamos pelas pessoas certas. Quando olhei para ti naquela festa pensei: Nossa! Ela é tão feita para mim! Porém logo lembrei-me que já tenho uma pessoa, eu e a Rita estamos juntos a 5 anos, conhecemo-nos desde sempre, os nossos pais são amigos, crescemos juntos e embora embirrássemos um com o outro sempre soubemos que era amor o que sentíamos um pelo outro, não imagino a minha vida sem ela, apesar de todos os seus defeitos e atitudes que cada vez mais nos afastam, amo-a e não posso desistir de nós, gostava muito de ter conhecido noutra altura, mas penso que não é tarde para construirmos uma bela amizade, se quiseres alguém para chorar em teu ombro e limpar as tuas lágrimas também. Por favor me aceita como teu amigo, é tudo o que te posso oferecer e não quero abdicar dessa possibilidade.”



Concluiu ele, esperando alguma reacção minha.

Não consegui proferir uma única palavra, proferir um único som, atirei-me para os seus braços e deixei-me confortar pelo seu abraço quente e cheiroso.

Sentia-me tão minúscula, não pelo amor incondicional que ele declarou a namorada mas pelo contraste, pelo respeito que ele tem por ele e pelo compromisso deles, que tu não tiveste por nós, porquê que não tentaste ao menos salvaguardar a nossa história, será que fui assim tão insignificante para ti?

Naquele momento decidi que eu e o Mário seríamos apenas amigos, fiquei comovida pelo respeito que ele tem por ela, e apesar de me sentir tentada a vingar-me da vida levando-o a fazer o que me fizeste a mim, a minha admiração pelo seu carácter era maior.

A partir daquele momento nasceu uma nova história de amor e amizade, o Mário, já voltou para a Huíla, sua cidade natal, aonde mora o seu do recanto denominado “Rita” e os riscos de me apaixonar por ele diminuíram consideravelmente mas falamos todos os dias e com a minha modesta ajuda as coisas entre eles melhoraram muito e fico feliz por poder ajudar, sou uma adepta maluca, uma devota cega ao amor, continuo a acreditar nele haja o que houver e orgulho-me disso!

sábado, 14 de abril de 2012

"ÁFRICA"

"Africa minha"

África
sons, cor, mistura

África
voz, calor, sentimento

África
movimento, fulgor, momento

África
sorrisos, grito, vento

África
Vida, mundo, povo

África
Ginga, olhar, mistério

África
Paixão, mãos, vibração

África
Caminho, pés, sofrimento

África
rítmo, palmas, batuque

África
Eu, tu, nós

África, África
Melodia de amor

África
Mãe, berço, raiz

África
Futuro!

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Desabrochar

"Banco de praça"

Aqui sentada num banco de praça
de costas para o mundo
e de olhos voltados para o nada
Dou por mim a viajar no tempo

Entretida em meus pensamentos e memórias
guiada por uma calma assustadora que tente a ser permanente

Mas num âpice!
Dou a volta a cabeça e sem dúvidas me levanto!
bato o pé no chão e digo em voz alta"Não"!

Não quero estar aqui presa ao passado!
quero sair deste poço de angústia que me tem atordoado

Calejada de dor
quero voltar a sorrir!

Vou elevar-me até o topo
vou subir até o ponto mais alto da alegria

Vou ser feliz de novo!

terça-feira, 3 de abril de 2012

Um trecho do meu romance " Cartas a um ex-amor"




As aulas já começaram, este ano é o nosso último ano, e não vejo a hora de acabar, pois tenho planos de ir para Luanda trabalhar, assim que receber o diploma, primeiro porque há lá mais oportunidades de trabalho, primeiro porque a comunicação local é muito limitada e segundo porque sinto que finalmente encontrarei o meu caminho, um rumo, destino caminho longe do teu.



Já soube que a tua defesa de tese foi um sucesso e não me surpreendi, pois sempre foste inteligente e habilidoso, tão habilidoso que me conseguiste enganar durante tanto tempo sem que eu sequer desconfiasse. Mas não quero mais tocar nesse assunto, apesar de tudo fico feliz por ti, ainda que eu quisesse não te conseguiria desejar nada de mal.

Imagino que agora esteja tudo a postos para o vosso casamento, diz-se por aí que só estavam a espera que recebesses o teu diploma, e que estão a pensar viver juntos para a fazenda do teu pai no Lubango, depois do enlace matrimonial.



Sabes, ainda me lembro do fim-de-semana que passamos lá no teu aniversário de 23 anos e para mim parece mentira que hoje não estamos juntos.

A fazenda é enorme e muito bonita, chegamos na sexta-feira a noite, exaustos e esfomeados, depois de 3 horas de estrada, pois íamos devagar para que me pudesses mostrar as belezas naturais que abrilhantavam o caminho e fizemos algumas paragens para fotografar, namorar e descansar. No dia seguinte tomámos o café da manhã no jango ao pé do lago e almoçamos no centro da cidade num restaurante pequeno e charmoso, a decoração era simples com um leve toque de requinte e a comida era maravilhosa, ainda me lembro do cheiro bom que pairava no ar. Hummmmm! Bons tempos!

Foi deveras divertido, eu nunca tinha lá estado por incrível que pareça nunca tinha antes visitado a província da Huíla, divertimo-nos a grande e namoramos como dois adolescentes, lembro-me como se fosse hoje da promessa que fizemos a sombra do “Cristo Rei”, dissemos juntos, “para o melhor ou para pior estaremos sempre juntos”, porquê que as promessas têm de ser sempre quebradas? Beijamo-nos debaixo da Cachoeira como dois loucos apaixonados, subimos as escadas da nossa “Senhora do Monte” de mãos dadas e gritamos que nos amávamos a “Fenda da Tundavala”, foi lindo, as melhores 48 horas da minha vida, sublinho!

Prometi a mim mesma seguir em frente e aceitar a realidade, mas é tão difícil! Por mais que eu tente não consigo acreditar que já não me amas, sou mesmo tola, não sou? Sei lá por mais que eu negue para mim e para o resto mundo, lá bem no fundo eu sei que te amo, sei que ainda desejo que voltes. Não posso crer que é o fim, será que já não te lembras de nada do que vivemos? Será que apenas eu acreditei que o nosso amor seria eterno? Será que na vida é sempre assim eu é que sou sonhadora e ingénua?

Não sei, só sei que ainda te amo e não tarda nada te vais casar e viver para longe…






terça-feira, 27 de março de 2012

Desalento





Aqui estou amiga

No âmago da solidão

Marcada por uma desventura desmedida



No estrondoso silêncio da madrugada

Apenas oiço o gotejar das lágrimas 

E os soluços contidos

De um pranto que tende ser infinito



Meu desalento é tão profundo

Que já nem me é permitido sonhar

Só posso ver a dura e cruel realidade

Estampada em meu pensar



E a verdade confronta o meu olhar

Com tamanha frieza

Oferece-me o desalento

De um adeus forçado



E os dias parecem anos na terra dos solitários 

Aonde reconheço o profundo do meu choro

E a escadaria frustrada do recomeçar



Amiga! Nunca caí tão fundo

Estou a margem da felicidade

Além dos sorrisos



Numa ausência insuportável

Em minha desagradável presença …










sábado, 24 de março de 2012

"Desabrochar" Brevemente

Pessoal brevemente será lançado o meu livro, conto com vocês, beijos!

Amiga

Á Florbela Espanca



Quero ser tua amiga, amor

Quero ser aquela que ouve os teus lamentos

E abranda os teus tormentos



Quero ser o calor das tuas noites frias

O teu porto seguro contra todas as tempestades

Porque nada mais me é permitido ser

Quero ser só tua amiga



Quero testemunhar cada tristeza, cada alegria

Quero acalentar as tuas mágoas no meu colo de amiga



Olha para mim, amor

Olha bem, que no fundo dos meus olhos

Tenho guardados todos os beijos que a tua boca jamais conhecerá



Pega em minhas mãos

Aperta-as bem, com firmeza

Que nelas escondo todas as carícias que não te posso dar



Sê meu amigo, amor

Deixa-me degustar da tua presença

Enquanto viajo em meus pensamentos de dor



Faz-me contente com o teu sorriso meigo de amigo

Deixa-me estender-te os meus braços num abraço



Fala comigo, amor, que o teu silêncio magoa

Conta-me os teus medos e anseios



Fala comigo devagarinho

Deixa-me ouvir a tua voz doce

E senti-la penetrar em meus ouvidos suavemente



Sê meu confidente amor

Deixa-me ter-te do meu lado ainda que por vagos instantes

E alimentar a minha paixão incompreendida



Deixa-me ser tua amiga, amor

E matar as saudades de todos os momentos que não vivemos



Quero ser tua amiga, amor

Por mais que me custe

Quero ser a melhor das amigas

Aquela que só pelo teu amor existe


segunda-feira, 12 de março de 2012

“Perdão versus Vingança”

Num encontro casual de domingo em casa do coração, a Vingança no seu ser provocador e impiedoso dirige-se para perto do senhor Perdão, um velho muito calmo e sereno que se encontrava encostado a parede, com os olhos tépidos e os ombros baixos, passando despercebido no meio de toda aquela gente, e começa a falar “ Eu sou melhor do que tu, sou mais nova, mais bonita, mais interessante e atraente, conquisto-os facilmente, e tu? Quem és tu ao pé de mim, ninguém sequer olha para ti, és pesado e lento demais, ninguém te quer carregar as costas, demoras muito a satisfaze-los quando estão cobertos de raiva, ira ou mágoa. Alguns até enaltecem-te nas conversas, dizem que estarão sempre contigo, mas quando o ódio os atinge, esquecem-se de ti, estás obsoleto, não tens razão de ser!”

O velho perdão ainda com os olhos virados para o chão, e o rosto inexpressivo, disse apenas: -“Estás perdoada”. A vingança por sua vez, sentindo-se ignorada, elevou a voz implorando por atenção, dizendo: - Pensas que és superior a mim? Seu velho cansado, eu sou a mais desejada, dou-lhes emoção e acalmo as suas angústias rapidamente enquanto tu passas a vida a falar e nada fazes, ninguém te dá ouvidos velha guarda, quem te manda desafiar o ego deles, contrariando a sua natureza, bem-feito, por isso é que caíste no desuso, e ainda queres dar uma de experiente e sensato, admite que estás acabado velharaco, o coração só te convidou a vir a esse encontro por pena ou sei lá, eu sou a convidada de honra, até me receberam com honras de rainha, o teu tempo passou, devias estar a descansar num canto qualquer não achas?

Ainda calmo na sua postura ávida e serena, o senhor Perdão, ergueu a cabeça, e disse olhando nos olhos da vingança: -Vai com calma minha querida, ainda és muito jovem e nada sabes sobre essa vida, eles usam-te agora porque têm pressa e deixam-se consumir pelo ódio, mas no fim, só eu consigo acalmar as suas almas, só eu os posso dar sossego, tanto aos que erraram e estão carregados de culpa como aos que sofreram e estão cegos de mágoa.

Apenas eu tenho plenitude suficiente para os trazer de volta a paz, o que tu fazes é superficial e insuficiente, só os deixas mais confusos e baralhados, tornam-se frios e as vezes até malvados, tu não prestas e és calculista mas és fraca diante de mim, posso ser velho e cansado mas sou poderoso, ninguém os pode confortar como eu, posso ser difícil e pesado, mas sou pleno e compacto, sem mim o mundo seria o caus e o coração seria pedra dura e oca, tão seca e oca que chegaria a ser vulnerável por isso não te enganes, eu estou aqui porque “ eu tenho pena desse pobre coração”.

Não me preocupo em responder as tuas provocações ou a outras porque são baixas, não me atingem, tenho maturidade e bom senso suficientes para saber a hora certa de mostrar o meu valor, por isso podes continuar a exibir-te, eu na minha modesta e quase invisível presença, serei sempre superior a ti.


"A cara do preconceito"


Chamo-me preconceito, tenho milhares de anos, na verdade já nem me lembro de quantos, existo desde sempre, já tive várias caras, formas e feitios, sabem como é, vou inovando a cada dia que passa, mas nunca sucumbi, estive sempre em alta, firme e forte, terrível e vivinho da silva. Alguns até tentaram camuflar-me, tanto que já tive inúmeras mascarás, uns evitam falar de mim, outros fingem não me ver, mas todos têm um pedaço de mim, por mais minúsculo que seja, todos o têm. Eu sou o maior dos defeitos, o mais asqueroso e desprezível, alguns são aparentemente mais feios, outros mais barulhentos ou mal cheirosos do que eu mas Eu sou o Rei!

Quanto mais ignoram a minha presença mais eu me fortaleço, sou imbatível porque tornaram-me invisível, uns preservam-me por vingança, outros exibem-me para atacar ou se defender, enfim as desculpas nunca mais acabam, mas o facto é que o meu império não para de crescer.

Já tentaram atribuir-me cor, sexo, altura, estatura, raça, religião, mas enganaram-se todos, pois eu sou não personalizado, sou incolor, universal, sem estrutura definida e rezo para todos os deuses, ou seja, não sou preconceituoso como vocês, penetro-me em todas as mentes, sem excepção de nenhuma, HÁ HÁ HÁ! Eu sou demais!

Mas não sou solitário, tenho família como toda a gente, ajo sempre acompanhado com os meus irmãos e fiéis súbditos como a querida hipocrisia, linda e matreira, essa nunca falha, a menina inveja sempre tão malandra, o meu grandiosíssimo rancor, forte e sagaz, a mais velha ganância sempre tão elegante e sabichona, e muitos mais, tenho uma família enorme e muito unida.

Nada poderá deter-me enquanto houver vida em vossos corpos, vocês alimentam-me, protegem-me, engrandecem-me, sou muito grato, não vos posso abandonar como fez a pobre da igualdade, coitada não foi capaz de salvar o seu reino, hoje vive aí aos tropeções perdida em corações ingénuos e utópicos, sem estabilidade nem futuro, eu não desistirei, não se preocupem, estarei sempre com vocês, meus caros seguidores, mesmo quando com falsas promessas tentarem sufocar-me, estarei sempre onde sempre estive. Dentro de vocês!


sexta-feira, 9 de março de 2012

Mias um trechinho do meu conto "Cartas a um ex amor"




Escrevo para ti numa manhã amena e preguiçosa, pobre de emoção, calada, vazia…

Em que dou por mim deitada na cama, com o meu pijama de bolinhas vestido, despenteada e com preguiça de viver. De repente senti-me pequena e abandonada.



Estou farta de estar aqui sozinha!



Nunca imaginei que fosse tão difícil dar a volta por cima! Sempre que ouvisse alguém queixar-se da dor de ter sido magoado achava que era drama e que se fosse comigo depressa dava um jeito de contornar a situação. Estava redondamente equivocada, para mim era fácil dizer aquilo enquanto estava na minha zona de conforto a observar de fora, pois agora que sou eu a iludida não consigo contornar nada.



E digo-te uma coisa amor, a vida as vezes é irónica e debochada, sabes, parece que dificulta mais as coisas, como diria o outro, a vida é uma cena lixada!

Faz hoje 4 meses desde que me tornei, embora contra minha vontade, oficialmente solteira e desde então não vejo um único homem bonito na rua. Nunca mais tive a felicidade de conhecer um rapaz bom e charmoso, eventualmente solteiro, detentor de um lindo sorriso ou de um olhar irresistível e arrebatador. Nada! Nada!

Sinto falta de uma boa conversa, de um bom galanteio, daqueles de tirar o fôlego e cair para trás, deves imaginar. Ou não, porque de facto não tinhas todas essas qualidades, na verdade não foste grande coisa ao me tentar cortejar. Não és muito galanteador! Mas nem precisaste ser, pois eu fiquei apanhadinha por ti desde o primeiro momento em que te vi na cantina encostado ao balcão com aquela polo t-shirt cor de laranja que caía muito bem com aquelas bermudas pretas (diga-se de passagem) o que realçava bem o teu tom de pele castanho chocolate, nem precisaste emitir uma única palavra. Naquele momento eu já era tua!

Era o meu primeiro ano na faculdade e o teu terceiro, eu era caloira e por isso tu mal reparavas em mim até o dia em que os nossos olhares se cruzaram no baile de boas-vindas aos caloiros de 2008 e percebi que também serias meu…



Continuando, acho que as coisas hoje em dia estão tão fáceis para os homens que eles já nem se esforçam para conquistar uma mulher, a oferta tornou-se abundante demais, algumas mulheres caíram em desespero de tal forma que eles acham que já não precisam de mover um único dedo. Credo!



E os poucos que tentam, são insuficientes, eu diria até infelizes nas suas investidas, coitados. São uns mal-amados como eu, que também estão a procura de um lugar à sombra e ao em vez de me tentarem conquistar, apelam, imploram, enfim não é bonito de se ver. 



Mas para a tua boa informação, não estou a matar cachorro a grito “ sou uma mulher linda, prendada, madura, inteligente, com uma grande personalidade, não me deixo abater por tão pouco”. Pelo menos é o que digo para mim mesma quando me olho no espelho.





E de qualquer forma não vou estar aqui a lamentar os meus azeites contigo! Livra-me Deus! Aliás para todos os efeitos eu estou muito bem e feliz. Antes só do que mal acompanhada! Não preciso de homem nenhum para me fazer sorrir ou para dar crédito a aquela teoria mal fundamentada que me acompanha todos os dias quando me preparo, sempre fui vaidosa e de uns tempos para cá passei a maquiar-me mais vezes, já uso saltos com frequência, vou ao cabeleireiro e faço as unhas, eu sei que irias gostar de ver, afinal eras tu que dizias que eu devia ser mais feminina e tal, pena que já nem reparas em mim, evitas a todo o custo respirar o mesmo ar que eu, só não te digo que já te perdoei e me aproximo porque não consigo e porque até é divertido saber que foges de mim como quem foge a forca, confesso! Porque assim sempre posso continuar a ser tua panca que tu nem vais perceber…



Como naquele dia em que te vi no pátio, ao pé daquela estátua de pedra, a conversar num grupo de alunos do curso de Gestão Empresarial. Estavas tão lindo! Tinhas o cabelo molhado e os teus caracóis brilhavam por causa da luz do sol e do gel que devias estar a usar, fiquei a olhar para ti durante meia hora. Agora que penso nisso acho que sabias que eu estava sentada no banco mesmo a tua frente porque em momento algum olhaste para a minha direcção o que fez com que eu pudesse namorar-te com os olhos durante algum tempo. Sem dar nas vistas é claro, para evitar a todo custo que o resto da malta percebesse.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

"Dialogando com o medo"

OIÇA CÁ SENHOR MEDO!!!
Quem tu pensas que és???
ANH????
Quem te deu o Direito de comandar os meus passos? Estou farta de ti!
Porque é que pensas que podes guiar até os meus pensamentos??
Nem sei onde é que eu estava com a cabeça quando te deixei entrar e ficar, eu devia estar fora de mim,  como é que pude que pensar que fosses igual ao menino "Respeito" , tão educadinho, sabe qual é o seu lugar, só fala quando lhe dão permissão, sim senhora, bom rapaz, longe de ti chegar aos pés dele. Tu falas demais, pah! 
Xiiiiiiiiiiiiiiiiiiiuuuh! Nem te atrevas a me interromper! Não te dei autorização pra falar, portanto fica aí quietinho, agora sou eu quem manda, nunca mais me dizes o que fazer, quando fazer ou como fazer, muito menos o que pensar ou sonhar, ouviste bem?
Náo sei como é que pude ser tão burra ao ponto de confiar em ti, nunca me deixaste ser quem eu realmente era, deste-me a ilusão de estar segura e confortável enquanto eu era infeliz e triste, quase deixei morrer a minha vontade de ascender, a minha sede de aventura, o meu amor pela viada, nãoooooo naninanão! Já chega não te quero mais ver pela frente!!!
Vou trocar-te pela Menina Prudencia, Ja falei com ela e temos acordo, ela avisar-me-á dos perigos a mesma e nem por isso me impedirá de viver. Lamento muito senhor medo não queria ser rude ou te magoar mas estavas a pedi-las e quem sabe assim podes perceber que nem tu estás isento de sofrer, assim é a vida! Cheia de obstáculos e tropeços, imprevisível e matreira, porém, não desanimes porque ao mesmo tempo é bela , tão bela que num sopro se esvai e enquanto ficamos na plateia a assistir com medo de actuar ela passa bem ao nosso lado... Vá! Deixa-te de lameixisses e faz-te  a ela! Anda, põe-te a mexer, apanha a estrada, aqui ja não há lugar para ti amigo! Vou ser feliz e livre como sempre quis ser... ADEUS!!!!

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

"Conversando com os meus botões"

Hoje é um daqueles dias em que não consigo encontrar um rumo, estou literalmente perdida, confusa, angustiada,bloqueada enfim, nem sei bem sobre o que é que estou a escrever, se é um desabafo ou uma tentativa de fuga da teia de dúvidas e anseios que me está a consumir.
Nos últimos dias uma série de acontecimentos fizeram com que eu admitisse por alguns instantes a hipótese de estar numa maré de azar, pois desde o nascer do sol até o cair da noite, os últimos dias foram preenchidos por uma sucessão de pequenos desastres e grandes aborrecimentos, perguntei-me várias vezes porquê que tinha saído de casa, porém sou uma pessoa muito racional apesar de crente e deduzi que tinha tudo a ver com o meu estado de espiríto, más energias, ou ainda que tudo pode ter acontecido daquela forma porque tinha de ser assim, porque há alguma razão que eu desconheço, e por fim tentei consolar-me concluindo que sempre poderia ter sido pior.

Mas hoje estou particularmente angustiada, não me apetece sair de casa, talvez tenha medo do que pode acontecer hoje, ou talvez tenha algo preso aqui dentro de mim que precise sair, sei lá, sinto-me sufocar, apetece-me gritar sobre sei lá o quê, sinto falta de não sei quem, isso nem parece coisa minha, parece conversa de louco, talvez eu esteja a enlouquecer e não saiba, ou talvez sempre fui louca, será que estou a exagerar? sei lá  acho que vou parar de escrever...

domingo, 26 de fevereiro de 2012

O Amor da Amizade!

 ...

" Nunca fui uma pessoa muito expressiva ou espontânea, mas também não sou amarga ou reservada, tenho as minhas pessoas e os meus momentos apesar de ser relativamente simpática e comunicativa, adoro rir e conversar sobre variados assuntos, enfim, considero-me uma pessoa sociável e fácil de lidar.

Porém confesso que sou teimosa e as vezes um pouco contraditória e radical e acrescentando a este facto a minha impaciência e intolerância fatais tornei-me numa pessoa de poucos amigos, as minhas relações humanas e sociais são na sua maioria temporárias e superficiais.

Contudo os poucos e grandes amigos que conquistei nos meus breves anos de existência são os meus únicos e verdadeiros amores. Não abro mão deles, não posso e nem quero dar a um deles o título de “melhor amigo” pois posso ter o melhor de cada um deles. Boa parte do que sei sobre mim, sobretudo os meus defeitos e manias, aprendi com eles, muitas vezes, desaponto-os com a minha ligeira tendência para contraria-los e outras com a minha excessiva capacidade de compreende-los, eles também falham é verdade, são seres humanos, faltam-me algumas vezes, mas o que nós temos é tão puro e simples que involuntariamente encontramo-nos nas nossas diferenças e mesmo quando dedos são apontados ou pedras são lançadas não nos conseguimos separar, somos parte integrante, nas vidas uns dos outros.  

Em determinadas épocas da minha vida, senti-me incompleta, precisava mais do que carinho, compreensão, conforto, estabilidade, precisava sentir-me viva, desequilibrada no meu próprio corpo, precisa sentir-me perdida em meu mundo, e aí a amizade deles não foi suficiente. Desta feita, troquei-os pela paixão, conheci o prazer sexual, o encanto, a cegueira, a magia dos sonhos, o brilho do olhar e tive a ilusão de estar feliz sem eles, por uns momentos nem dei pela falta deles. Porém depressa a vida mostrou-me da pior forma, o quão errada estava, pois apercebi-me de como o amor pode ser complexo e ambíguo, não tardou nada conheci também a decepção e o sofrimento, eu necessitava desesperadamente de um desconto, fazia-me falta, o ânimo leve da amizade, o seu olhar meigo e o seu abraço consistente.

A partir daí nunca mais admiti a hipótese de os perder, aprendi que não é possível separar o amor da amizade.

A amizade é fácil como uma manhã de domingo, é leve como uma brisa fresca e suave, é o sentimento mais puro e simples, é tão simples que pode nascer de onde menos esperamos e tão puro que pode durar para sempre.

A amizade é tão nobre quanto o amor e ambos completam-se com uma perfeição divina e sublime, juntos são imbatíveis!

Eu amo a amizade como amo o amor!

Recuso-me a abdicar de qualquer um dos dois!

Essa sou eu e considero-me numa pessoa feliz! "