quarta-feira, 15 de maio de 2013

Momento!








Não vai embora!
Deixa-te estar aqui!
Afinal, para quê sair?
Se o mundo é bem melhor aqui dentro?

Não te rales com o tempo que passa lá fora
Pois aqui, nem existe tempo

Cala a minha boca com a tua
Banha o meu corpo em suor e saliva
pinta o meu olhar com a cor quente do desejo
Faz-me cantar gemidos em coro

Confronta o teu peito no meu
Amarra os teus braços as minhas costas
Num nó bem apertadinho

E num gesto assim, suave e terno
Rasga o meu peito em ferozes abraços

Não tenhas medo!
Não vês que estou a arder em desejo?
Deixa-te levar também...

Esquece o futuro, as próximas horas
Agora somos só tu e eu
e isso é tudo o que temos
UM MOMENTO
Fruto do destino ou, do acaso
Não importa!

Tudo o que temos, é um momento!

Mira Clock

segunda-feira, 13 de maio de 2013

E aqui, abro o meu coração...





Eis-me aqui outra vez, sentada nessa cadeira fria e dura, debruçada sobre um pedaço de papel branco, com uma caneta na mão e, parece que no meio da escuridão e do vazio que me consomem, apenas isso faz sentido.
Apenas quando escrevo, sinto que restam em mim, alguns suspiros de vida. Mas dessa vez, não sei por onde começar. É tudo tão monótono e triste, que até os ventos da inspiração, negam-se a voar por aqui...
Sinto a minha alma abandonar o meu corpo, a cada segundo que ultrapassa o outro, tal como as minhas forças e o meu ânimo, até eles estão fartos de mim. Sou um ser sem amor e sem razão, vivendo por viver, como que, sem motivo  ou razão aparentes.
Pois é, parece drama. Eu sei.
Mas quem me dera o fosse.

Apetece-me chorar, pois, talvez assim, de alguma forma, me sentisse melhor. Porém, nem disso eu sou capaz. Estou seca por dentro, não restou uma única lágrima para molhar os meus olhos. é o resultado de uma vida sem amor, sem amor, pelo menos, não correspondido. Pois sinto muito amor, por todas as coisas vivas, orgânicas e inorgânicas, visíveis e não visíveis, sinto amor pela vida e pela HUMANIDADE. Tenho o peito a explodir de tanto amor mas, não o posso deixar fluir e, desta sorte, sinto-me sufocar.

Tenho saudades de sentir, saudades. Tenho vontade de voltar a sentir, desejo, afecto, paixão e medo. Medo de abdicar, de amar demais e me perder, medo de demonstrar medo, medo de depender.
Contudo, o grande medo que me atormenta agora, é o ecoar assombroso do tempo com o seu passar. Tenho medo, que me molde a solidão dos dias e me torture com a ideia de nunca mais ser verdadeiramente amada, não obstante, estar cheia de amor para dar...

domingo, 12 de maio de 2013

Reflexo!

Hoje quando acordei, levantei-me, olhei para o meu reflexo e não me reconheci. Após ter observado detalhadamente, cheguei a conclusão de que não conhecia aquela imagem pálida, de olhos humedecidos que os meus olhos insistiam mostrar-me. Não. Não conheço aquele olhar vazio e os ombros caídos que a acompanhavam. Essa não sou eu! Disse eu, contrariando a realidade.

Perdi-me  de mim mesma algures no tempo talvez, pois sinto-me perdida e desolada dentro do meu próprio corpo. Não me consigo encontrar por mais que me olhe ao espelho. E quando me ponho a indagar sobre os dias alegres que vivi e os sorrisos brancos e puros que fiz brotar em meus lábios, parece-me que de outras vidas me refiro. Da minha boca hoje brota o silêncio e nada faz sentido.

Não existe mais eu!
Apenas um ser confuso e derrotado
Apenas uma alma triste e conformada

Olhem para mim agora!
O que restou de mim? Se não um desperdício de espaço. Aliás, sou um mero e insignificante espaço vazio.

Por mais que tente, não consigo encontrar um rumo, quando olho para mim, talvez precise olhar para outra direcção, ou então para sempre permanecerei, presa a essa amargura, sem nunca mais deixar nascer em mim, amor ou cor...

Bater calado!





**Bater calado!**

Se alguém bater a porta do teu coração
assim, fortemente e em aflição
como quem quer desesperadamente entrar
Não abras!
...
Peço-te, não abras a porta!
Pois não sou eu!

O meu ego feroz de mulher apaixonada
até me arrastaria até a tua porta em silêncio
murmurando estrondosamente para que a abrisses

Mas o meu orgulho resoluto e resmungão
Nunca me deixaria levantar a mão
E o meu tímido desejo de entrar e ficar
congelaria
tal como os meus movimentos

Deixando-me ficar aí parada
Imaginando tristemente
o que me aguardaria do outro lado

Por isso, peço-te encarecidamente
Não abras a porta!
A quem bater, sem receio e em aflição

Abre antes a aquém não o fizer
Pois aí estarei eu
Consumida pela ânsia descabida
E pelo desejo insano e incontido
de entrar e ficar...

By: Mira clock