domingo, 22 de abril de 2012

"Lógica e Amor"


“Lógica  e Amor”



      Hoje decidi dar ouvidos ao meu coração, quando, depois de ter pousado os meus olhos sob a tua imagem senti um aperto tão grande e tão forte que me fez parar de pensar e descobri que ainda te amo.         Louca de tanta raiva e desespero quase o arranquei do meu peito. Quer dizer como é que pode o grandessíssimo idiota ainda bater descompassadamente por ti? Depois de tudo o que passamos? Mesmo desfeito em pedaços insiste em chamar o teu nome, grande estúpido!

Até parece que já se esqueceu da forma cruel e desumana que nos abandonaste, não estou para as burrices dele, sou uma mulher forte e prática não me permito estar aqui a chorar de novo! Preciso dar a volta por cima o quanto antes senão o amanteigado do meu órgão cardíaco ainda me vai enlouquecer.

Sabes, os dias passaram e no conforto da tua ausência física tive a ilusão de já te ter esquecido, foi tão boa a sensação! E desculpa a minha insistência mas nunca é demais relembrar os momentos bons que vivi enquanto contava mentiras ao meu coração sobre já não te amar, eu sabia que não seria eterno mas o fogo do momento queimou-me deliciosamente até a altura em que pousei o meu olhar sobre ti outra vez.  Tento encontrar uma razão para explicar esse absurdo mas é inútil, não a consigo alcançar. Será que não existe lógica ou razão que me impeçam de ainda te amar? O que é a lógica afinal? 

Qual é a lógica do amor?...


sexta-feira, 20 de abril de 2012

Mais um pequeno trecho do "Cartas a um ex amor", a pedido dos meus amados leitores, espero que gostem, beijos!

...

Pensei no Mário enquanto tomava banho no embalo de uma balada romântica que tocava na “Rádio Morena”. Depois de me ter limpado, vestido e penteado, sem planos para o resto do dia, deitei-me em minha cama de barriga para baixo com as pernas flectidas balançando de trás para frente e liguei o computador para ver se encontrava alguém online que como eu não tivesse mais o que fazer, para comigo conversar.

Porém, para oportunamente espantar o meu tédio, o bendito som do meu telemóvel tocou outra vez e dessa vez era ele.

Depressa ajeitei o meu cabelo instintivamente para atender como se ele me pudesse ver, e do outro lado da linha ouvi a sua voz rouca e doce perguntando-me com um tom de ansiedade se eu estava em casa e depois de eu ter respondido num ápice que sim ele disse-me que estava a porta, senti um frio na barriga e um tremor nas pernas, não sentia isso desde que nos separamos, e quando o vi descer do carro e aproximar-se do portão senti um arrepio subir-me pela espinha mas quando finalmente os nossos olhares se encontraram, encontrei a calma no brilho quente dos seus olhos escuros e tudo era simplesmente lindo ao meu redor.

E lá estava ele, o meu novo amigo entre aspas gigantes pois definitivamente pertencer ao seu leque de amizades não era apenas o que eu desejava. Aproximei-me então, e cumprimentamo-nos com um abraço e beijos no rosto. Entre esse momento e o resto do nosso encontro eu esforcei-me para parecer distante e desinteressada quando na verdade estava envolta em cada palavra emitida por sua voz, por cada gesto solto por suas mãos, falamos sobre diversos assuntos e por alguma razão fomos parar ao assunto Tiago, sim falamos sobre ti, e ele chamou-te de idiota covarde várias vezes enquanto os meus olhos humedeciam-se lembrando-se do fim da nossa história. O Mário foi tão querido, levantou a minha cabeça e convenceu-me de que tu não me merecias e que um dia o amor me vai encontrar, confesso que tive vontade de beijá-lo, sentia-me protegida e segura, como se nada de mal me pudesse atingir naquele momento, mas apesar de eu já ouvir sinos tocarem e de estarmos a distância de um palmo dos nossos narizes ele desviou-se cuidadosamente e disse algo engraçado para quebrar o clima que eu sentia sozinha. Senti-me ridícula por alguns instantes apenas pois ele tratou de me deixar a vontade na minha fantasia.

Quando nos despedimos, depois de longas horas de conversa, risos e olhares tímidos, ele pediu a minha atenção porque precisava dizer algo, concentrei-me preparando-me para o que viria a seguir aquela declaração pois da última vez que ouvi algo parecido, vi a minha vida esvair-se entre os meus dedos.

“- És uma mulher incrível, desde o primeiro momento que pousei o meu olhar sob o manjar da tua imagem soube que eras a tal, única e autêntica, não vi apenas uma mulher simples e estrondosamente bonita, vi uma alma pura e brilhante, tu tens uma luz sabes, senti-me logo atraído por ti, não resisti eu tinha de te conhecer, tinha de poder conviver contigo, fazer parte da tua vida ainda que como figurante, percebes.



Dizia ele como o olhar fixo, quase sem pestanejar enquanto eu de cabeça baixa não conseguia parar de pensar no que ouviria depois daquela bela introdução.



-Mas na vida, infelizmente, as coisas nunca são tão lineares como gostaríamos que fosse, e nós nunca nos apaixonamos pelas pessoas certas. Quando olhei para ti naquela festa pensei: Nossa! Ela é tão feita para mim! Porém logo lembrei-me que já tenho uma pessoa, eu e a Rita estamos juntos a 5 anos, conhecemo-nos desde sempre, os nossos pais são amigos, crescemos juntos e embora embirrássemos um com o outro sempre soubemos que era amor o que sentíamos um pelo outro, não imagino a minha vida sem ela, apesar de todos os seus defeitos e atitudes que cada vez mais nos afastam, amo-a e não posso desistir de nós, gostava muito de ter conhecido noutra altura, mas penso que não é tarde para construirmos uma bela amizade, se quiseres alguém para chorar em teu ombro e limpar as tuas lágrimas também. Por favor me aceita como teu amigo, é tudo o que te posso oferecer e não quero abdicar dessa possibilidade.”



Concluiu ele, esperando alguma reacção minha.

Não consegui proferir uma única palavra, proferir um único som, atirei-me para os seus braços e deixei-me confortar pelo seu abraço quente e cheiroso.

Sentia-me tão minúscula, não pelo amor incondicional que ele declarou a namorada mas pelo contraste, pelo respeito que ele tem por ele e pelo compromisso deles, que tu não tiveste por nós, porquê que não tentaste ao menos salvaguardar a nossa história, será que fui assim tão insignificante para ti?

Naquele momento decidi que eu e o Mário seríamos apenas amigos, fiquei comovida pelo respeito que ele tem por ela, e apesar de me sentir tentada a vingar-me da vida levando-o a fazer o que me fizeste a mim, a minha admiração pelo seu carácter era maior.

A partir daquele momento nasceu uma nova história de amor e amizade, o Mário, já voltou para a Huíla, sua cidade natal, aonde mora o seu do recanto denominado “Rita” e os riscos de me apaixonar por ele diminuíram consideravelmente mas falamos todos os dias e com a minha modesta ajuda as coisas entre eles melhoraram muito e fico feliz por poder ajudar, sou uma adepta maluca, uma devota cega ao amor, continuo a acreditar nele haja o que houver e orgulho-me disso!

sábado, 14 de abril de 2012

"ÁFRICA"

"Africa minha"

África
sons, cor, mistura

África
voz, calor, sentimento

África
movimento, fulgor, momento

África
sorrisos, grito, vento

África
Vida, mundo, povo

África
Ginga, olhar, mistério

África
Paixão, mãos, vibração

África
Caminho, pés, sofrimento

África
rítmo, palmas, batuque

África
Eu, tu, nós

África, África
Melodia de amor

África
Mãe, berço, raiz

África
Futuro!

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Desabrochar

"Banco de praça"

Aqui sentada num banco de praça
de costas para o mundo
e de olhos voltados para o nada
Dou por mim a viajar no tempo

Entretida em meus pensamentos e memórias
guiada por uma calma assustadora que tente a ser permanente

Mas num âpice!
Dou a volta a cabeça e sem dúvidas me levanto!
bato o pé no chão e digo em voz alta"Não"!

Não quero estar aqui presa ao passado!
quero sair deste poço de angústia que me tem atordoado

Calejada de dor
quero voltar a sorrir!

Vou elevar-me até o topo
vou subir até o ponto mais alto da alegria

Vou ser feliz de novo!

terça-feira, 3 de abril de 2012

Um trecho do meu romance " Cartas a um ex-amor"




As aulas já começaram, este ano é o nosso último ano, e não vejo a hora de acabar, pois tenho planos de ir para Luanda trabalhar, assim que receber o diploma, primeiro porque há lá mais oportunidades de trabalho, primeiro porque a comunicação local é muito limitada e segundo porque sinto que finalmente encontrarei o meu caminho, um rumo, destino caminho longe do teu.



Já soube que a tua defesa de tese foi um sucesso e não me surpreendi, pois sempre foste inteligente e habilidoso, tão habilidoso que me conseguiste enganar durante tanto tempo sem que eu sequer desconfiasse. Mas não quero mais tocar nesse assunto, apesar de tudo fico feliz por ti, ainda que eu quisesse não te conseguiria desejar nada de mal.

Imagino que agora esteja tudo a postos para o vosso casamento, diz-se por aí que só estavam a espera que recebesses o teu diploma, e que estão a pensar viver juntos para a fazenda do teu pai no Lubango, depois do enlace matrimonial.



Sabes, ainda me lembro do fim-de-semana que passamos lá no teu aniversário de 23 anos e para mim parece mentira que hoje não estamos juntos.

A fazenda é enorme e muito bonita, chegamos na sexta-feira a noite, exaustos e esfomeados, depois de 3 horas de estrada, pois íamos devagar para que me pudesses mostrar as belezas naturais que abrilhantavam o caminho e fizemos algumas paragens para fotografar, namorar e descansar. No dia seguinte tomámos o café da manhã no jango ao pé do lago e almoçamos no centro da cidade num restaurante pequeno e charmoso, a decoração era simples com um leve toque de requinte e a comida era maravilhosa, ainda me lembro do cheiro bom que pairava no ar. Hummmmm! Bons tempos!

Foi deveras divertido, eu nunca tinha lá estado por incrível que pareça nunca tinha antes visitado a província da Huíla, divertimo-nos a grande e namoramos como dois adolescentes, lembro-me como se fosse hoje da promessa que fizemos a sombra do “Cristo Rei”, dissemos juntos, “para o melhor ou para pior estaremos sempre juntos”, porquê que as promessas têm de ser sempre quebradas? Beijamo-nos debaixo da Cachoeira como dois loucos apaixonados, subimos as escadas da nossa “Senhora do Monte” de mãos dadas e gritamos que nos amávamos a “Fenda da Tundavala”, foi lindo, as melhores 48 horas da minha vida, sublinho!

Prometi a mim mesma seguir em frente e aceitar a realidade, mas é tão difícil! Por mais que eu tente não consigo acreditar que já não me amas, sou mesmo tola, não sou? Sei lá por mais que eu negue para mim e para o resto mundo, lá bem no fundo eu sei que te amo, sei que ainda desejo que voltes. Não posso crer que é o fim, será que já não te lembras de nada do que vivemos? Será que apenas eu acreditei que o nosso amor seria eterno? Será que na vida é sempre assim eu é que sou sonhadora e ingénua?

Não sei, só sei que ainda te amo e não tarda nada te vais casar e viver para longe…