sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Poesia Eu Vivo

Poesia Eu Vivo
O Movimento literário Lev´Arte realizou na passada Quinta-feira, dia 14 de Outubro de 2011, mais um dos calorosos eventos de poesia ao vivo no The King´s Club na Vila Alice das 19 as 21 horas. Foi uma noite agravelmente simples e relaxante, contemplada com a presença marcante da arte em forma de poesia, música e de conversa boa e bicuda.
Em palco brilharam com alegria, originalidade e carisma os poetas Pedro Bélgio, Molhado Artes, Jojó Mundundi, Sábio, Kunsivé, Gabriel, Marcos Inglês, Micro-profecia, Wilmar Tembo e outros tal como as poetisas Ólivia, Ircília e Andreia que com seus versos espalharam sensibilidade, ternura e sensualidade por todo o recinto.
A música cantou e encantou nas vozes de Ésio e Wilmar Tembo que em seus estilos muito particulares deram um show de suavidade e rítimo sendo portanto agraciados com o eco dos estrondosos aplausos. O humor também se fez representar e muito bem na pessoa de Joãozinho Boca de Cantor vulgo Timajó que com as suas piadas bem contadas advindas de histórias e situações reais que definem a actualidade, levou a plateia ao rubro esbanjando gargalhadas exaltadas.
Na rubrica "Mesa Bicuda" Lueji Dharma trouxe a baila a tendência "Kimbopolis" expressão que a princípio parecia estranha aos ouvidos do publico e que se resumia no projecto do Arquitecto Ilídio Daio de construir cidades (Polis) nas zonas rurais (kimbo) adaptando-as ao modo de viver simples e humilde própio das comunidades rurais.
A conversa desenrolou-se com bastante fluidez e praticidade, o arquitecto Ilídio fez uma apresentação de slides em power point com imagem do seu projecto o que facilitou o entendimento da plateia e captou-lhes a atençao, pois ouviam todos em silêncio exibindo expressões de admiração e concordância o que resultou na sua interacção positiva no espaço de perguntas dirigidas ao convidado. O tempo foi inimigo pois não permitiu que todas as dúvidas fossem sanadas, mas a ideia chave ficou e o público parecia satisfeito e interessado.
No final da conversa o Arquitecto Ilídio Daio recitou um poema para mostrar mais uma vez que a poesia está implícita em todas as manifestações da arte, e foi aplaudido e parabenizado por todos.
No Final a Música fez a plateia vibrar ao som da guitarra de Ésio que com a sua voz contagiante afastou qualquer tentativa de inibição ou retração interpretanto o tema " Dadão" que por muitos é conhecido e apreciado.
E assim aconteceu mais uma Quinta de poesia eu vivo com o Lev´Arte e amigos.


Mira Clock
Aos 17 de Outubro de 2011

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Visita ao lar " nossos miúdos"


Lev´Arte no lar “Nossos Miúdos”

A solidariedade é muito mais do que uma virtude é uma força capaz de unir nações e mover montanhas, da mesma forma que ser levarteano é mais do que ser solidário é dar um pouco de si para o mundo sem esperar nada receber em troca, é viver todos os dias pela arte e pelo humanismo.
E foi nesta vertente que no passado sábado no dia 30 de Abril de 2011 o Movimento literário Lev´Arte cumpriu mais uma vez o seu nobre papel procedendo a entrega de donativos ao Lar “Nossos Miúdos” dirigido por Frei Márcio situado no bairro Palanca. Uma iniciativa que é fruto ganhos provinientes do carácter filantrópico do evento Poesia solidária a voz poética da mulher.
Para além dos membros a actividade foi contemplada com a presença alegre, apoio moral e até material de alguns amigos do Movimento dentre os quais as simpáticas senhoras Mizé e Adelaide, a menina Luana, e alguns poetas, declamadores e desenhistas estes que foram todos peças chaves para o sucesso da linda tarde proporcionada aos “nossos miúdos”.
No início estavam todos um pouco retraídos com o olhar sério e preocupado, eles (as crianças) pela presença de estranhos em seu lar e os outros (os visitantes) pela precariedade em que o lugar que os acolhia se encontrava, todos silenciosos pareciam questionar em seus íntimos “como podem pais abandonar os filhos a própria sorte?” contudo com o decorrer da actividade essa impressão foi se apagando e descobriram que apesar da simplicidade em que viviam, apesar das histórias tristes que carregavam nos ombros, aqueles eram também meninos simpáticos, divertidos, bem-educados e instruídos que naquele lugar encontravam conforto e protecção e no Frei Márcio viam um Pai, uma mãe, enfim, uma família.
A doação foi feita em bens alimentares não perecíveis, colchões, roupa de cama, sapatos, tintas, material didáctico, e até alguns artigos de laser como bolas de futebol e basquete e material de desenho nomeadamente resmas de papel, lápis de cores, cartão, cola etc. Porém o acto não terminou com a entrega dos respectivos bens pois os membros do Movimento Lev´Arte dedicaram várias horas do dia a um convívio agradável e caloroso com as crianças residentes no já referido lar. Sendo assim enquanto uns brincavam com as crianças num jogo alegre e descontraído, os outros ajudavam-nas a desenhar e as mulheres preparavam a refeição que seria repartida por todos.
Depois de pronta, a refeição foi servida e á mesa sentaram-se todos para degustar da deliciosa feijoada brasileira com batatas fritas e linguiça assada no forno, foi um momento de contemplação em que todos sorriam e trocavam impressões sobre a comida e não só. Não houve quem estivesse calado ou isolado já haviam sido todos tomados pela magia da celebração e da irmandade.
Pouco antes do final uma roda se formou no quintal e num ambiente descontraído os meninos mostraram os seus dotes nos quesitos música, dança e humor, foi hilariante vê-los brilharem por detrás dos olhares tristes que acarretam, vê-los felizes e numa agitação positiva, ainda que fosse por alguns instantes eles já não eram os mesmos, estavam mais crianças, mais imprevisíveis e espontâneos, este foi sem sombra de dúvidas o momento mais alto da tarde, foi para nunca mais esquecer.
Sendo assim chegou o inevitável e tão adiado fim e esta foi a única altura realmente triste que se viveu em sede do lar “Nossos miúdos” pois foi difícil dizer adeus. Ainda assim Kiocamba Cassua na qualidade de orientador deste projecto, proferiu umas palavras de agradecimento e regozijo a todos os presentes pelo belíssimo convívio e pela cumplicidade e engajamento de todos na concretização de mais um sonho levarteano.
Em suma o Lev´arte fez acontecer mais uma vez clamando por solidariedade, entrega e humanismo pois quando deixarmos de cuidar uns dos outros aí sim será o fim da humanidade.




                                                                                          Mira Clock
                                                                                       Á 1 de Maio de 2011

sábado, 2 de abril de 2011


Fim-de-semana no Musseque

Todos os fins-de-semana nos musseques da kianda
Havia farra nos quintais

De manhã cedo antes de o sol acordar
Em casa da avó Maria
O feijão já tinha ido ao lume
E o peixe já estava na banheira
Pronto a escamar

Nas garrafas havia da boa quissangua
E no garrafão vinho fresco para beber
Depois do meio-dia
Toda a família estava reunida para festejar

Nos pratos a bendita combinação
De peixe e feijão batata-doce e farinha musseque
Dava vida ao mufete
E nas canecas de esmalte dançava o catembe

Debaixo da bananeira sentados na esteira
Todos comiam com a mão como mandava a tradição

Não havia sol nem poeira
Que atrapalhasse a refeição

No rádio á pilhas do velho João
Tocava o bom semba e a kizomba
Para completar a folia

Ai os  Fins-de-semana no musseque!
Como era bom sentir a alegria que contagiava a banda!



domingo, 27 de março de 2011

Gala Poesia Solidária - A Voz Poética da Mulher

A gala realizada ontem 26 de Março de 2011 no hotel trópico pelo movimento Lev´Arte sob o tema Poesia Solidária "A voz poética da mulher" foi sem sombras de dúvidas um estrondoso sucesso, correspondeu as espectactivas criadas e até ultrapassou-as.

Com a casa cheia por aproximadamente 200 pessoas o evento começou as 19 horas e terminou as 21h e 30min, contou com a presença em palco de muitas vozes femininas como as poetisas Otilha da Lua, Denise Kangandala, Helena Dias, Zuline Bumba, Sofia Buco, Ngonguita Diogo, Helena Antonina,o Grupo infanto juvenil "As Ladissas", Kátia Santos, bem como as estreantes no mundo da declamação dentre elas a reporter do Flash Cláudia Gourgel, a Romancista Rossana da Piedade e a atriz e radialista Tânia Burity que diga-se de passagem tiveram um óptimo desempenho em palco.

A música ficou a cargo das belissímas e encantadoras Sweet Mary, Selda, Celina, Dinay Tiger e Cláudia Pedro estas que em seus estilos versáteis levaram  a plateia ao rubro em  cada nota solta. A   apresentação ficou por conta da dupla Kiocamba e Helena Antonina que com a sua alegria e profissionalismo conduziram a actividade Até o final na maior precisão.

quarta-feira, 23 de março de 2011

O Carnaval em Angola

Ah! O carnaval!... como é bom viajar em minhas memórias e reviver a minha infância: as bodas de carnaval no bairro da avó, os quimones e as saias de pano provenientes do Congo, os rapazes mascarados de senhoras com vestidos e perucas, as pinturas exageradas, as roupas rasgadas e outras fantasias improvisadas; surpreendente, ainda, era o entusiasmo que nos caracterizava enquanto fazíamos os colares de missangas, de rebuçados ou pipocas, para desfilarmos pelas ruas ao ritmo dançante das diferentes coreografias por nós desenhadas e arquitectadas. E todo este festejo de rua culminava na emoção de assistir pela televisão os desfiles dos grupos carnavalescos na marginal movidos pela curiosidade de tentar imitar o cabetula ou a varina, mesmo sem grande êxito; No desatar da alegria, o carnaval era uma festa do povo onde a folia era sentida por todo lado: nos brilhos, nas gargalhadas por detrás das máscaras e nas lantejoulas que conferiam um brilho fascinante ao carnaval daquela época…

Mas com o passar dos anos, a imperiosa mão do tempo, começou a pesar em mim e para trás ficou a minha infância; ficou também a folia, ou seja, de carnaval em carnaval, eu comecei a sentir menos a magia das cores e da música, gerada por esta festa do povo; perante esta realidade questionei-me: o que terá sucedido? e quase imediatamente e, a priori, pensei: “bom se calhar eu apenas cresci e me desinteressei, por isso, deixei de prestar a atenção”; mas pouco convencida servi-me das faculdades da observação e da análise: “eu cresci! Mas continuam a existir crianças! Então, porquê que já não vejo as crianças todas mascaradas e felizes como antes? E os adultos?! Porquê que os vejo indiferentes a este facto! O que se passa afinal? E neste meu pequeno diálogo interno consegui ao menos chegar a uma triste conclusão : “em muitas mentes a ideia de festejar o nosso carnaval está a morrer, arrastando a passos largos a nossa cultura para o cemitério do esquecimento; mas sabem mesmo o que mais me chocou? Foi, e digo com a frontalidade de quem sabe assumir os seu erros, perceber que eu fazia parte desta escumalha; reconheci-me igual a tantos outros que com a excepção das badaladas festas de carnaval nas discotecas da moda, nos grande salões e das fantasias fashion das boutiques, estão-se literalmente nas tintas para a cultura do carnaval; no fundo para o nosso povo e para as nossas crianças.


Perante este meu acto de contrição, e esta desilusão para com a minha conduta pensei com alívio que a esperança é a última a morrer! E de esta minha reflexão pessoal surgiu este artigo que tem a intenção de tentar resgatar em algumas mentes angolanas o interesse digno de uma cultura que nos pertence. 


Imaginem só! O que seria do carnaval se aquelas pessoas que lutam para mantê-lo vivo desistissem de lutar? Imaginem!!! O que seria se já não houvessem desfiles na marginal, nem pessoas nas ruas mascaradas?… talvez não houvesse grandes mudanças na nossa vida diária, mas o que seria da nossa cultura? Será que um povo sobrevive sem cultura? Sem aquelas características que o identificam? Acredito que até se pode sobreviver mas seria como se vivesse só por viver! Desprovidos de uma origem, de um passado, de uma identidade…e na minha humilde opinião, a cultura de um povo é a sua alma, o seu suporte, logo, deve ser preservada e respeitada; assim, não poderia deixar este meu artigo sem algumas soluções benéficas para o carnaval; vamos todos dança-lo sem quijila; vamos passar o testemunho aos nossos filhos e aos nossos irmãos; vamos aplaudir e lisonjear os grupos carnavalescos; vamos criar iniciativas diversas para salvaguardar a nossa tradição, pois é por ela que sabemos quem somos e de onde viemos… mas mais importante, para onde queremos ir! Como tal, que não haja uma leve hesitação no desejo de enaltecer o nosso orgulho de sermos angolanos, gritemos todos bem alto, VIVA A CULTURA, VIVA O CARNAVAL, VIVA ANGOLA…. Obrigada!

LEV’ ARTE
MIRA CLOCK
Fevereiro De 2010

Perfil de Mira Clock

Mira Clock, pseudónimo literário de Ana Zulmira da Silva  Ramalheira, jovem poetisa integrante do Movimento Lev´Arte. Linda e talentosa, detentora de uma capacidade nata de descrição que resulta em poemas profundos, capazes de envolver a mais rude alma. 
Tem poemas publicados em antologias como 7 Pecados e o Palavras, do Movimento Lev´Arte. Brevemente, teremos também Mira Clock assinando o seu próprio livro.


Lueji Dharma: "A Mira Clock é uma "levartiana" que assume o voluntariado e a entrega ao próximo como uma forma de vida. Uma mulher de olhar doce e angelical que busca na arte a expansão da sua alma. Dessa forma, exprime-se livremente em textos onde as suas dúvidas e inquietações transformam-se em reflexões dárias escritas em jeito de crónicas".



Por: Mauro Yange