segunda-feira, 21 de outubro de 2013

E SE FOR AMOR?

 
 
 

E SE FOR AMOR?



 Fazes-me sentir tão bem!
Olho para ti e não vejo nada parecido com que sonhei pra mim mas, vejo tudo o que eu preciso para existir, nesse instante e, me basta...

Abraças-me e de algum modo eu tenho a certeza que era exactam...ente aí que eu devia estar
Aliás, contigo, nos teus braços, qualquer lugar é o ideal

Esqueço-me do mundo
e dos meus habituais medos e anseios
Trazes ao meu coração uma calma sacramental e a minha alma uma quietude divina

Quero-te bem aqui,
perto de mim, nesse momento e, nem antevejo o minuto que o sucede,
não quero saber do futuro, pra quê?
Pouco me importa sequer o mais próximo dos futuros
Quero viver aqui, ao pé de ti e só para ti, JÁ!

E depois tu beijas-me e nem mesmo o pequeno universo em nosso quarto existe para mim
Nem luz, nem chão
Só tu, eu e o desejo que cresce dentro de mim,
e me arranha as paredes do peito, fazendo ecoar gemidos em coro...
Enterro os meus dedos na tua pele quente e desejo fazer parar o tempo

Sinto as tuas mãos percorrerem cada milímetro do meu corpo
palmo a palmo, com uma paciência angelical
que me lembra o paraíso dos meus sonhos

Mas quando não estás aqui,
oiço o ruidoso silêncio da tua ausência
e a simples possibilidade disso não parar e continuar a crescer
mais e mais
ir ao fundo dos nossos corações e para além dos nossos superficiais desejos, ASSOMBRA-ME!

E se for mais forte do que nós? Se for verdadeiramente maior?

Assim perdida, questiono-me agora
E SE FOR AMOR?


BY: Mira Clock

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Escolhas!

Delas não nos conseguimos escapar! Nunca!
Das mais simples as mais complexas, das mais imediatas as mais ponderadas, por mais que nos tentemos esquivar, tarde ou cedo elas nos vêm confrontar. Cruciais ou superficiais, determinantes ou banais, por mais que as tentemos contornar, aqui ou ali, elas nos vêm encontrar. São tão certas quanto a morte e ao mesmo tempo imprevisíveis como o amanhã.
Fazem parte de nós, do nosso dia-a-dia! Estão em nós como as nossas fantasias, são para nós como sol é para a lua. Porém, tão certas quanto elas são as suas consequências. O preço que a vida cobra por cada uma delas! As vezes mais baixo outras vezes mais alto, contudo nunca é de graça! Seguramente todas as escolhas que fazemos têm um preço, mesmo...
Nem adianta nos tentarmos enganar, não! Para quê culparmos a sorte por nos faltar? Afinal é tudo resultado daquelas escolhas. Aquelas que fizemos ontem, hoje, no minuto ou segundo passado, há duas semanas ou dois anos atrás, é tudo resultado delas! As nossas escolhas! O que corre bem ou mal, o que nos surpreende ou que já esperávamos, é tudo resultado das nossas escolhas! Mesmo!

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

“Uma mulher sem coração”


E lá vai ela, gingando sem jeito pelas ruas da cidade, exibindo o seu charme e pensando ser sem querer. Julgando estar protegida pelo véu da sua falsa inocência, escondendo mil desejos e sonhos, como quem não sabe o que quer e nunca soube…

É ela a “mulher dos mil amores”, que adora sentir-se desejada e cobiçada, uma sedutora nada, um coração cheio de amor para dar mas que não sabe amar. É ela a cruel dama de rosa, uma faca de dois gumes, uma flor com espinhos, um verdadeiro vício.

Mas também é sofrida, a beleza deslumbrante que lhe veste a silhueta e o semblante é para ela um pesadelo, um doce pesadelo que a assombra, um fardo… As vezes, gostava de ser menos especial, mais comum e vulgar. Talvez assim fosse mais feliz, talvez assim a menina linda e perfeita aprendesse a amar, sem razão, amar simplesmente…

Ela é racional, até demais, generosa algumas vezes e até piedosa, mas não pode negar o prazer que sente ao ver alguém lutar pelo seu coração, mesmo quando sabe que o coitado trava batalhas inúteis, pois não se sabe se ela tem coração. Houve momentos em que achou estar loucamente apaixonada mas depois que o tempo passou, e já não sabia distinguir o que sentia de “encanto, admiração ou tensão sexual”. Talvez até tenha sentido paixão mas passou, porque tudo na vida passa, ou porque simplesmente deixou morrer, a paixão e todos os outros sentimentos semelhantes que do seu peito brotaram. Não se sabe... Pois tudo em si é ambíguo tão ambíguo que até ela própria se sente estranha em si mesma, como se estivesse a habitar o corpo de outra pessoa, como se não se reconhecesse em seus olhos, suas mãos, como se nada fizesse sentido…

E assim vive os seus dias… Confusa e perdida, vivendo os seus “pseudo-amores”, um de cada vez ou todos ao mesmo tempo. Perdida, a cada dia mais perdida!

Uns são como mestres, aprende com eles e torna-se mais interessante e envolvente em suas abordagens para atrair aqueles que a veneram e a consideram um génio, em todas as suas vertentes. Tudo o que ela diz ou faz é digno de um sábio da antiguidade, uma Deusa do saber!

Outros são como uma muleta, os carinhosos e amigos impecáveis e estendem a mão para ela e a confortam, sempre, sem hesitar…

Há ainda os românticos que a fazem sentir princesa e os amantes que a tornam na essência da sensualidade e fazem vir ao de cima as suas vontades mais íntimas e surpreendentes!

Porém, os que chamam a sua intenção verdadeiramente são os misteriosos e pouco disponíveis para ela, aqueles que fazem jogos psicológicos e fazem com que se sujeite a implorar por atenção, os que a fazem sofrer, ouvir canções tristes e ler poemas de dor… Mesmo a esses não sei se ela um dia amou mas, de certeza que o marcaram e muito… Talvez por terem sido um desafio ou por terem olhado para ela como um ser humano normal, por terem decifrado os seus defeitos e as suas fraquezas, sem nunca a tratarem de forma especial, sem nunca caírem nas suas tácticas de sedução… Não se sabe também…

Há quem diga que estes souberam agir como homens de fibra mas outros defendem ainda que foram covardes apesar de inteligentes, pois aperceberam-se da sua beleza fatal e do seu encanto sedutor e tiveram medo. Medo de não a conseguirem largar, medo de a amarem loucamente e por ela sofrerem, medo de se entregarem. Se assim o fizeram, não se lhes pode tirar a razão, fizeram-no por eles, pelo bem dos seus corações… Fugiram dela, sem nunca olhar para trás… Deixaram-na sozinha e indignada, sem entender o que lhe faltou, rejeitando-se a aceitar que tinha sido rejeitada…

Talvez nada a tenha faltado, talvez nada lhe falte, talvez tenha tudo em demasia, muito brilho, muito saber, muita intensidade, muitos valores, muito pudor, muita loucura, muitos desejos, muita fantasia, muito amor… E talvez esse seja o seu maior defeito, que fardo!

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Momento!








Não vai embora!
Deixa-te estar aqui!
Afinal, para quê sair?
Se o mundo é bem melhor aqui dentro?

Não te rales com o tempo que passa lá fora
Pois aqui, nem existe tempo

Cala a minha boca com a tua
Banha o meu corpo em suor e saliva
pinta o meu olhar com a cor quente do desejo
Faz-me cantar gemidos em coro

Confronta o teu peito no meu
Amarra os teus braços as minhas costas
Num nó bem apertadinho

E num gesto assim, suave e terno
Rasga o meu peito em ferozes abraços

Não tenhas medo!
Não vês que estou a arder em desejo?
Deixa-te levar também...

Esquece o futuro, as próximas horas
Agora somos só tu e eu
e isso é tudo o que temos
UM MOMENTO
Fruto do destino ou, do acaso
Não importa!

Tudo o que temos, é um momento!

Mira Clock

segunda-feira, 13 de maio de 2013

E aqui, abro o meu coração...





Eis-me aqui outra vez, sentada nessa cadeira fria e dura, debruçada sobre um pedaço de papel branco, com uma caneta na mão e, parece que no meio da escuridão e do vazio que me consomem, apenas isso faz sentido.
Apenas quando escrevo, sinto que restam em mim, alguns suspiros de vida. Mas dessa vez, não sei por onde começar. É tudo tão monótono e triste, que até os ventos da inspiração, negam-se a voar por aqui...
Sinto a minha alma abandonar o meu corpo, a cada segundo que ultrapassa o outro, tal como as minhas forças e o meu ânimo, até eles estão fartos de mim. Sou um ser sem amor e sem razão, vivendo por viver, como que, sem motivo  ou razão aparentes.
Pois é, parece drama. Eu sei.
Mas quem me dera o fosse.

Apetece-me chorar, pois, talvez assim, de alguma forma, me sentisse melhor. Porém, nem disso eu sou capaz. Estou seca por dentro, não restou uma única lágrima para molhar os meus olhos. é o resultado de uma vida sem amor, sem amor, pelo menos, não correspondido. Pois sinto muito amor, por todas as coisas vivas, orgânicas e inorgânicas, visíveis e não visíveis, sinto amor pela vida e pela HUMANIDADE. Tenho o peito a explodir de tanto amor mas, não o posso deixar fluir e, desta sorte, sinto-me sufocar.

Tenho saudades de sentir, saudades. Tenho vontade de voltar a sentir, desejo, afecto, paixão e medo. Medo de abdicar, de amar demais e me perder, medo de demonstrar medo, medo de depender.
Contudo, o grande medo que me atormenta agora, é o ecoar assombroso do tempo com o seu passar. Tenho medo, que me molde a solidão dos dias e me torture com a ideia de nunca mais ser verdadeiramente amada, não obstante, estar cheia de amor para dar...

domingo, 12 de maio de 2013

Reflexo!

Hoje quando acordei, levantei-me, olhei para o meu reflexo e não me reconheci. Após ter observado detalhadamente, cheguei a conclusão de que não conhecia aquela imagem pálida, de olhos humedecidos que os meus olhos insistiam mostrar-me. Não. Não conheço aquele olhar vazio e os ombros caídos que a acompanhavam. Essa não sou eu! Disse eu, contrariando a realidade.

Perdi-me  de mim mesma algures no tempo talvez, pois sinto-me perdida e desolada dentro do meu próprio corpo. Não me consigo encontrar por mais que me olhe ao espelho. E quando me ponho a indagar sobre os dias alegres que vivi e os sorrisos brancos e puros que fiz brotar em meus lábios, parece-me que de outras vidas me refiro. Da minha boca hoje brota o silêncio e nada faz sentido.

Não existe mais eu!
Apenas um ser confuso e derrotado
Apenas uma alma triste e conformada

Olhem para mim agora!
O que restou de mim? Se não um desperdício de espaço. Aliás, sou um mero e insignificante espaço vazio.

Por mais que tente, não consigo encontrar um rumo, quando olho para mim, talvez precise olhar para outra direcção, ou então para sempre permanecerei, presa a essa amargura, sem nunca mais deixar nascer em mim, amor ou cor...

Bater calado!





**Bater calado!**

Se alguém bater a porta do teu coração
assim, fortemente e em aflição
como quem quer desesperadamente entrar
Não abras!
...
Peço-te, não abras a porta!
Pois não sou eu!

O meu ego feroz de mulher apaixonada
até me arrastaria até a tua porta em silêncio
murmurando estrondosamente para que a abrisses

Mas o meu orgulho resoluto e resmungão
Nunca me deixaria levantar a mão
E o meu tímido desejo de entrar e ficar
congelaria
tal como os meus movimentos

Deixando-me ficar aí parada
Imaginando tristemente
o que me aguardaria do outro lado

Por isso, peço-te encarecidamente
Não abras a porta!
A quem bater, sem receio e em aflição

Abre antes a aquém não o fizer
Pois aí estarei eu
Consumida pela ânsia descabida
E pelo desejo insano e incontido
de entrar e ficar...

By: Mira clock
 

quinta-feira, 28 de março de 2013

Feira das letras belas!

Não percam esta grande oportunidade de engrandecer a arte e a cultura angolana bem como enriquecer e de que
 maneira o vosso intelecto! Estão todos convidados, não percam!

quarta-feira, 27 de março de 2013

" O que se passa afinal? "


Nunca fui muito boa a pregar sermões nem sou o melhor exemplo de moralista que conheço. Porém, existem coisas que infelizmente acontecem a minha volta e sou incapaz de simplesmente olhar e calar.

Talvez ninguém partilhe da minha opinião, talvez seja a única com coragem e fúria suficiente para falar ou talvez até, esteja errada, mas tenho estado a observar os recentes fenómenos sociais e as constantes e assustadoras mudanças nos comportamentos das pessoas, em todo o mundo e sobretudo em Angola ou mais concretamente em Luanda.

Não sei o que foi que nos aconteceu para nos tornarmos tão carentes de atenção e sedentos de glória. Até nas coisas mais insignificantes e superficiais, queremos ser de alguma forma superiores e importantes. Já nem sabemos quem somos, o que é apropriado ou não, o que deve ou não deve ser, o que é comum ou invulgar, o que é normal ou anormal. Se ainda não estamos a viver um verdadeiro caos, acredito que estamos bem perto de fazê-lo. E o pico de toda essa explosão de hipocrisia e mesquinhice é infelizmente uma ferramenta aparentemente criada para “aproximar os distantes” mas que acabou por “afastar os mais próximos”, aquilo que nós chamamos de redes sociais.

Não sou uma convencional louca que defende o fim da globalização ou da internet mas apelo que aprendamos a fazer um melhor uso das mesmas. Pois para além das desvantagens que todos conhecemos e que se têm estado a evidenciar, também existem as vantagens que são muitas e vão mais além do que as nossas mentes humanas podem imaginar.

Todos os dias quando entro para alguma rede social, fico pasmada com tamanha baixaria e pobreza de personalidade e de alma esbanjadas em publicações e comentários baseados em mentiras, ilusões, falta de identidade, falta de opinião e uma gana irracional de superioridade. O que se passou connosco afinal? Porquê que resolvemos ser todos especiais? Ou melhor porquê que resolvemos condicionar o facto de sermos especiais ou não ao número de gostos ou de comentários, feitos as nossas fotos ou estados?

Será que, finalmente, deixamos de valer pelo que somos e passamos a valer ou “não valer” pelo que temos? Não posso crer! Será que já não é possível voltamos a ser o povo simples e autêntico que um dia fomos? Será que é assim tão difícil, aceitarmos quem somos? E nos impormos a certos padrões ridículos, criados por pessoas ridículas que infelizmente nos ridicularizam, tornando-nos cegos e incapazes de ceder a esses ciclos estúpidos de exclusão?

Quanto mais penso e observo o que se passa, sinto náuseas e vergonha por fazer parte desta realidade triste. E sendo assim, não me isento de culpa e igualmente me envergonha o facto de algumas vezes me ter sentido inferior, por outras ter sido hipócrita e ter traído os meus ideais, concordando com coisas ditas por fulanos e sicranos apenas por se tratar de tais fulanos e sicranos. Ou ainda, as vezes em que deixei que o meu ego inflamasse, com comentários ilusórios e por vezes, irónicos que me fizeram sentir superior ou melhor, por vagos instantes…

Enfim, acredito que um dia nos iremos aperceber que existem coisas muito mais importantes do que nos sentirmos importantes e talvez nesse dia aprendamos a ser felizes por nós próprios, sem depender da opinião ou atenção dos outros.

Talvez tudo isso não passe de uma utopia, talvez o meu desejo não de igualdade mas sim de equilíbrio mental e emocional não passe de um pensamento louco e descartável de uma mera mortal, de um ser comum, sem expressão ou capacidade de influência. Contudo, prefiro continuar a sonhar ao continuar a fazer parte de tal realidade promíscua.

 Obs: Não precisam concordar comigo, simplesmente por ter sido eu a escrever, sem mesmo terem lido ou entendido o que escrevi. Se for esse o caso não precisam “gostar” do meu texto e se por ventura a carapuça servir a alguns, desculpem-me e não entendam a minha reflexão e tentativa de chamar-vos a razão como um julgamento ou uma crítica destrutiva. Longe de mim!

 

 

                                                                                                    Mira Clock

                                                              Aos 27 de Março de 2013

segunda-feira, 4 de março de 2013

Trecho do meu novo menino (livro) "Um Verdadeiro milagre de amor", espero que gostem... Beijinhos


Outra vez sentado no sofá, passando o milésimo serão sozinho, olhando para o abstracto, em completo silêncio, lá estava Rafael em seu mundo seguro e fadistioso. Seria aquela uma noite normal como as outras, estariam os seus pensamentos a gozar da mesma calmaria que o seu corpo? Estaria ele em paz com os seus instintos? Nada o denunciou durante a primeira hora que ali esteve. Porém quando menos esperava, como se tivesse sido possuído por alguma força superior, levantou-se e pegou na lista telefónica, desesperado por encontrar o número de telefone de uma certa moradora da cidade de Luanda. Contudo após longos trinta minutos de busca pelas páginas douradas não obteve grande sucesso e desistiu, achando ridícula e de certo modo desesperadora a sua atitude.

Determinado a esquecer aquele assunto, ligou a televisão e procurou imediatamente por uma distração. Vagueiou lentamente por toda a grelha de cais televisivos mas nenhum o deteve, tudo lhe parecia ser pouco cativante ou interessante, estava inquieto e sabia bem o porquê. Não a conseguia tirar da cabeça, por mais que tentasse continuava a vê-la nitidamente em seus pensamentos e achava-se aflito por esse motivo. Nunca havia sentido nada parecido, por mulher nunhuma. Não estava habituado a sensação e não suportava o facto de não a poder controlar.

Quando menos esperava, levantou-se abruptamente, caminhando até a porta, desejando sentir-se melhor fora de casa, como se aquela situação não o pudesse acompanhar até a rua. Percorreu por vários quarteirões a pé, procurando inconscientemente por traços dela em todos os rostos que encontrou. Mesmo nos mais incompatíveis e menos semelhantes. Passado algum tempo, deu por si, sentado outra vez, mas desta vez num banco de pedra na Marginal de Luanda, ignorando a exuberância das luzes da Baía reflectidas sobre o mar, o brilho mágico da lua e o encanto das estrelas para se concentrar no vazio, de cara voltada para o chão, com as mãos nas bochechas, sustentando o peso de sua cabeça. Anseiava desesperadamente por alguma resposta mas quanto mais pensasse sobre o assunto mais encurralado se sentia.

Era Sexta-feira e sabia que só voltaria a falar com ela na terça-feira que era o dia em que se previa que o reparo do carro ficasse pronto. Normalmente era a recepccionista a informar aos proprietários para que fossem levantar os veículos a determinada oficina mas desta vez queria ser ele a fazé-lo, pois receiava que aquela fosse a última vez que teria oportunidade. E o pior é que teria de passar o resto do fim-de-semana naquela angústia. Manteve-se ali parado durante cerca de uma hora e depois sem se que lhe restassem mais alternativas regressou a casa, refugiou-se num banho quente e depois de quase duas horas debatendo-se em dúvidas e contradições, finalmente conseguiu adormecer.

Na manhã seguinte levantou-se um pouco mais tarde do que era costume mas ainda assim, para seu espanto, soube-lhe a pouco e desejava ter ficado mais tempo na cama. Porém era dia de compras e apesar de um pouco desorientado estava consciente de que precisava ir. Após ter esfregado os olhos e esticado os braços, fez subir as perceanas do quarto para que os raios de sol iluminassem e aquecessem. De seguida calçou uns chinelos de borracha, deambulou até a casa de banho para escovar os dentes, fazer a barba e tomar rapidamente um duche. Após se ter vestido casualmente, colocando a primeira t-shirt que encontrara na cómoda conjulgando com as suas favoritas bermudas brancas, calçou umas sandálias de cabedal e dirigiu-se a cozinha lentamente, arrastando os pés, desejando loucamente beber uma chávena de café forte com leite e canela e comer ovos mechidos com queijo e torradas.

Faltando pouco para as onze horas da manhã já estava ele a caminho do super mercado, calmo e ilusoriamente animado pois aparentemente não teria tempo para pensar nela visto que teria um dia agitado. Portanto, mal podia ele prever o tamanho da agitação que o resto do dia o reservava...