sexta-feira, 9 de março de 2012

Mias um trechinho do meu conto "Cartas a um ex amor"




Escrevo para ti numa manhã amena e preguiçosa, pobre de emoção, calada, vazia…

Em que dou por mim deitada na cama, com o meu pijama de bolinhas vestido, despenteada e com preguiça de viver. De repente senti-me pequena e abandonada.



Estou farta de estar aqui sozinha!



Nunca imaginei que fosse tão difícil dar a volta por cima! Sempre que ouvisse alguém queixar-se da dor de ter sido magoado achava que era drama e que se fosse comigo depressa dava um jeito de contornar a situação. Estava redondamente equivocada, para mim era fácil dizer aquilo enquanto estava na minha zona de conforto a observar de fora, pois agora que sou eu a iludida não consigo contornar nada.



E digo-te uma coisa amor, a vida as vezes é irónica e debochada, sabes, parece que dificulta mais as coisas, como diria o outro, a vida é uma cena lixada!

Faz hoje 4 meses desde que me tornei, embora contra minha vontade, oficialmente solteira e desde então não vejo um único homem bonito na rua. Nunca mais tive a felicidade de conhecer um rapaz bom e charmoso, eventualmente solteiro, detentor de um lindo sorriso ou de um olhar irresistível e arrebatador. Nada! Nada!

Sinto falta de uma boa conversa, de um bom galanteio, daqueles de tirar o fôlego e cair para trás, deves imaginar. Ou não, porque de facto não tinhas todas essas qualidades, na verdade não foste grande coisa ao me tentar cortejar. Não és muito galanteador! Mas nem precisaste ser, pois eu fiquei apanhadinha por ti desde o primeiro momento em que te vi na cantina encostado ao balcão com aquela polo t-shirt cor de laranja que caía muito bem com aquelas bermudas pretas (diga-se de passagem) o que realçava bem o teu tom de pele castanho chocolate, nem precisaste emitir uma única palavra. Naquele momento eu já era tua!

Era o meu primeiro ano na faculdade e o teu terceiro, eu era caloira e por isso tu mal reparavas em mim até o dia em que os nossos olhares se cruzaram no baile de boas-vindas aos caloiros de 2008 e percebi que também serias meu…



Continuando, acho que as coisas hoje em dia estão tão fáceis para os homens que eles já nem se esforçam para conquistar uma mulher, a oferta tornou-se abundante demais, algumas mulheres caíram em desespero de tal forma que eles acham que já não precisam de mover um único dedo. Credo!



E os poucos que tentam, são insuficientes, eu diria até infelizes nas suas investidas, coitados. São uns mal-amados como eu, que também estão a procura de um lugar à sombra e ao em vez de me tentarem conquistar, apelam, imploram, enfim não é bonito de se ver. 



Mas para a tua boa informação, não estou a matar cachorro a grito “ sou uma mulher linda, prendada, madura, inteligente, com uma grande personalidade, não me deixo abater por tão pouco”. Pelo menos é o que digo para mim mesma quando me olho no espelho.





E de qualquer forma não vou estar aqui a lamentar os meus azeites contigo! Livra-me Deus! Aliás para todos os efeitos eu estou muito bem e feliz. Antes só do que mal acompanhada! Não preciso de homem nenhum para me fazer sorrir ou para dar crédito a aquela teoria mal fundamentada que me acompanha todos os dias quando me preparo, sempre fui vaidosa e de uns tempos para cá passei a maquiar-me mais vezes, já uso saltos com frequência, vou ao cabeleireiro e faço as unhas, eu sei que irias gostar de ver, afinal eras tu que dizias que eu devia ser mais feminina e tal, pena que já nem reparas em mim, evitas a todo o custo respirar o mesmo ar que eu, só não te digo que já te perdoei e me aproximo porque não consigo e porque até é divertido saber que foges de mim como quem foge a forca, confesso! Porque assim sempre posso continuar a ser tua panca que tu nem vais perceber…



Como naquele dia em que te vi no pátio, ao pé daquela estátua de pedra, a conversar num grupo de alunos do curso de Gestão Empresarial. Estavas tão lindo! Tinhas o cabelo molhado e os teus caracóis brilhavam por causa da luz do sol e do gel que devias estar a usar, fiquei a olhar para ti durante meia hora. Agora que penso nisso acho que sabias que eu estava sentada no banco mesmo a tua frente porque em momento algum olhaste para a minha direcção o que fez com que eu pudesse namorar-te com os olhos durante algum tempo. Sem dar nas vistas é claro, para evitar a todo custo que o resto da malta percebesse.

4 comentários:

  1. Pelo trecho, o conto promete!
    Continua.

    ResponderEliminar
  2. Muito obrigada Aureliano!É PELO VOSSO APOIO QUE SOBREVIVO E CONTINUO!

    ResponderEliminar
  3. Fiquei completamente comovido, ao ler todos os teus contos, historias e poemas... que ja nem consigo parar de os ler. A cada hora que passa abro o teu blog, que até ja tornei ele num dos meus favoritos. As tuas historias deixam-me totalmente fora de mim... fazem com que eu entre nelas, como se eu também pertencesse aquele mundo "imaginário". Consigo sentir o que "ela" sente, compreendo-a plenamente. Os teus contos tornaram-se no meu lugarzinho mágico onde eu posso "falar com os meus botões". Não pares. Bjinhos.
    Elton Carneiro.

    ResponderEliminar
  4. Wow! Estou mto contente por saber que o consigo comover e que o meu blog está nos seus preferidos, espero que continue a visitá-lo, beijos e boa leitura! Obrigadaaaaaaa!

    ResponderEliminar